Obesidade traz riscos à saúde e ao bem-estar dos pets; saiba como prevenir e tratar
Patrícia Sankari
06/06/2024 08:38
Gael ganhou muito peso em pouco tempo e contou com a alimentação natural para reverter o quadro. | Arquivo Pessoal
Pouca disposição, exaustão e alergias. Esses foram os sintomas que Gael, um golden retriever de 2 anos, começou a apresentar depois de ganhar mais de 12 kg em dez meses. “Quando ele completou 1 ano e 2 meses, foi castrado. Depois disso, começamos a notar um significativo ganho de peso", conta a tutora Morgana Zuliano.
"Ele parou de correr e pular, e não conseguia andar por muito tempo durante os passeios. Algumas alergias começaram a aparecer, então a veterinária recomendou que procurássemos uma nutricionista para investigar a origem das alergias, que possivelmente eram alimentares, e ajustar a questão do sobrepeso”.
Foi assim que Morgana chegou até a médica veterinária Melony Santos, parceira da Mascote Fit, empresa de alimentação natural para pets. “A consulta foi um divisor de águas. Melony explicou que, considerando o tamanho de Gael, ele estava muito pesado! Embora ele não sentisse tanto os efeitos naquele momento, a longo prazo isso seria irreversível”, relembra Morgana.
Causas da obesidade em pets
Assim como em humanos, a obesidade em pets resulta de um desequilíbrio entre a energia consumida e a energia gasta. Algumas raças têm predisposição genética para ganhar peso, enquanto outros animais ficam obesos devido à inatividade ou doenças.
Raças como labrador, beagle, pug, bulldog francês, bulldog inglês e golden retriever têm uma tendência natural a ganhar peso. “O labrador, por exemplo, possui 34% de massa gorda versus 66% de massa magra. Comparado a um boxer, que tem cerca de 15% de massa gorda e 85% de massa magra, vemos que o labrador já tem uma tendência maior a desenvolver obesidade”, explica Melony Santos. Entre os gatos, os noruegueses da floresta e os sem raça definida são mais propensas à obesidade.
Segundo o doutor em Ciências Veterinárias, Harald Fernando Vicente de Brito, pets castrados, como Gael, têm maior propensão à obesidade devido à redução do metabolismo e à diminuição da atividade física. “A castração diminui os hormônios sexuais e, consequentemente, o metabolismo. Sem ajustar a quantidade de comida, o animal pode rapidamente ganhar peso. Por isso, existem rações específicas para pets castrados, com um balanço energético adequado”, afirma.
A idade também influencia: animais mais velhos têm um metabolismo mais lento e menor disposição para atividade física, aumentando o risco de obesidade. Cães de raças grandes e gigantes envelhecem mais rápido e tendem a ficar menos ativos devido a problemas articulares, criando um ciclo vicioso de ganho de peso e menor mobilidade.
Riscos à saúde
A obesidade traz diversas complicações à saúde dos pets, como distúrbios endócrino-metabólicos, dificuldades articulares e problemas cardíacos. Animais obesos sofrem com dores que não teriam se estivessem em um peso saudável, perdem qualidade de vida e, em última instância, vivem menos.
“Imagine que a gordura corporal não fica apenas entre os músculos e a pele, mas também ao redor de todas as vísceras. O excesso de gordura no fígado, coração, pulmão, intestinos, estômago e pâncreas dificulta o funcionamento desses órgãos, levando a doenças. Entre os problemas mais comuns estão a diabetes e a resistência insulínica. Além disso, a obesidade provoca inflamações crônicas, aumentando o risco de doenças crônico-degenerativas como cardiopatias, hepatopatias (esteatose hepática) e artropatias por sobrecarga, que dificultam a locomoção”, afirma Melony.
Atenção aos sinais e cuidados
O ganho excessivo de peso tem sinais, aos quais é preciso estar atento para poder intervir. “Ao olhar de cima, o animal deve ter uma cintura visível. Se há um acúmulo de gordura perto do osso da bacia, conhecido como 'culote', e a cintura está alargando, o animal já está com sobrepeso. Usamos uma escala corporal de nove pontos, onde o ideal é que o animal fique entre quatro e cinco, nem muito magro nem obeso. Além disso, a costela deve ser palpável, não necessariamente visível”, explica Harald sobre as mudanças físicas.
Há, ainda, alterações de comportamento, como foi o caso de Gael, que passou a se movimentar menos e apresentar menos disposição.
Ao detectá-los, o tutor deve buscar um médico veterinário para entender se o problema é decorrente de alguma outra doença, como hipotireoidismo, ou se é apenas referente e inatividade e alimentação. “Nesse segundo caso, as medidas iniciais são aumentar a atividade física e ajustar a dieta para rações específicas para controle de peso”, explica Harald.
Para cães, segundo ele, criar uma rotina de brincadeiras e caminhadas e mudar para uma ração light já pode ser eficaz. “Já para gatos é importante estimular a atividade física com brincadeiras e interações regulares. Brinquedos que se movem ou bolas de papel podem incentivá-los a se exercitar, melhorando sua saúde e qualidade de vida”, finaliza o médico veterinário.
A dieta foi o foco no caso de Gael, que foi gradativamente introduzido à alimentação natural. “Em um mês, já notei uma diferença significativa, com a coleira dele ficando mais folgada! Mas o que mais me impressionou foi que em 4 meses ele perdeu 8 kg e, o melhor, de forma saudável! Hoje, ele está com três anos e cinco meses e pesa 35 kg, 11 kg a menos do que quando iniciou o acompanhamento em janeiro de 2023”, conta Morgana.
A diferença é notada por Morgana não apenas na balança, mas no estado geral de saúde e bem-estar do cão, que não tem reações alérgicas como antes e está mais disposto. “Ele parece outro cachorro! Corre, pula, e tem disposição além do normal! A pelagem dele também está maravilhosa. Por isso, é importante prestar atenção na saúde do pet. Eles podem parecer fofinhos quando estão mais gordinhos, mas devemos sempre cuidar e pensar no bem-estar deles”.