Moda e Beleza

Desfiles vazios, listas cheias: quem assiste à moda ao vivo?

Fabbi Cunha
Fabbi Cunha
31/07/2025 12:21
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Entre os registros perfeitos e o impacto real da presença, a temporada resort 2025 revelou um novo tipo de moda-espetáculo. Na foto, modelos de Schiaparelli durante desfile. Crédito: Reprodução/WMagazine.

A temporada resort 2025 foi linda, mas será que foi feita para ser vivida ou apenas postada?
A temporada resort 2025 foi um espetáculo para os olhos. Mas será que foi também para os corpos presentes? Os vídeos impecáveis, os Reels milimetricamente editados, os drones dançando sobre paisagens cinematográficas… tudo lindo, tudo compartilhável. Mas ali, na primeira fila (ou na ausência dela), a pergunta ecoa: quem ainda assiste à moda ao vivo?
Os desfiles estão ficando cada vez mais bonitos… nas telas. Locações remotas, câmeras em 4K, edições em tempo real. Parece que o público-alvo migrou: do comprador atento para o espectador digital. A presença física virou quase figurativa: o real prestígio agora é estar no conteúdo, não na cadeira.
Afinal, vale mais um vídeo viral ou uma reação emocionada na plateia? Estamos trocando o impacto do ao vivo pelo alcance do online. A moda virou imagem, e o desfile, uma peça de marketing.
A estética importa, claro. Mas o que acontece quando a estética vira tudo? Quando o cenário rouba a cena e a coleção vira coadjuvante da própria apresentação? O desfile que antes era momento, agora é frame. A roupa, que antes tocava, hoje desliza pela timeline. Resta saber se deixa marca.
Modelos de Maison Margiela e Armani Privé durante desfile de alta costura da temporada de primavera de 2025 em Paris. Crédito: Reprodução/WMagazine.
Modelos de Maison Margiela e Armani Privé durante desfile de alta costura da temporada de primavera de 2025 em Paris. Crédito: Reprodução/WMagazine.
Porque tem coisa que o vídeo não captura: o som do tecido arrastando no chão, o clique dos saltos no piso, o arrepio que só o inesperado causa. A luz bate diferente ao vivo. E talvez o impacto também. O suspiro coletivo, o silêncio entre os looks, o olhar atento, tudo isso se perde na edição.
Será que estamos abrindo mão da experiência para caber melhor no feed? Será que a moda está deixando de ser vivida para ser apenas vista?
Talvez esteja na hora de repensar o espetáculo. Porque o futuro pode até ser digital — mas o encanto, esse ainda tem gosto de presença.