Bordados e crochês se transformam e viram tendência de consumo entre jovens
Denise Morini, especial para Gazeta do Povo
08/12/2018 08:00
O crochê pode funcionar como terapia para quem quer escapar do virtual. (Foto: Bigstock)
Tendência mundial, os trabalhos manuais como tricô, crochê e bordados têm atraído pessoas que buscam uma atividade para desacelerar, aliviar o estresse e a ansiedade.
Para a psicóloga Andressa Lopes dos Santos, a costura foi uma recomendação de sua terapeuta, em 2012, quando as atividades finais de seu curso de graduação desencadearam uma crise de pânico. “Resolvi voltar a fazer crochê, que tinha aprendido quando era criança, e comprei uma máquina de costura, para tentar algo novo”, lembra Andressa que decidiu deixar a carreira de Psicologia e hoje é professora de maxi crochê, feito com cordões de malha.
“Percebo que muitas pessoas buscam as aulas para compartilhar suas experiências e também para dividir seus problemas. Acaba funcionando como um tipo de terapia”, conta a professora.
Ao mesmo tempo em que o mundo do trabalho acelera com tecnologias disruptivas e interconectadas, há um movimento de resgate de trabalhos mais autorais e personalizados, que requerem dedicação de tempo e, em alguns casos, encontros não virtuais, que rendem vínculos, troca de experiências e boas risadas.
Os adeptos dos trabalhos feitos à mão seguem duas tendências de consumo apontadas neste ano pela empresa de inteligência de mercado Euromonitor – a dos empreendedores adaptativos, interessados em deixar a rotina de horários rígidos e em busca de uma carreira que ofereça mais liberdade, e a dos i-designers, de consumidores com uma grande necessidade de personalização, o que os torna muito ativos no processo de produção de produtos.
Empreendedorismo criativo
A empresária Leticia Segalla percebeu cedo que havia uma oportunidade de empreender nessa área. Concluindo a graduação de Administração, com a tarefa de desenhar um plano de negócios, ela buscou um território confortável e familiar para desenvolver sua ideia.
Neta de alfaiate, filha de tricoteira, crescida em lojas de aviamentos da cidade, não foi difícil estruturar um novo conceito para as empresas que até pouco tempo tinham a cara de nossas avós. “Pesquisei alguns armarinhos da cidade e percebi que havia muito potencial para um público mais jovem, interessado em design e artesanato contemporâneo. Havia espaço para uma diversidade maior de acabamentos para roupas, tricô, crochê, e mais espaço ainda para a troca de ideias e de novas técnicas”, conta Leticia que levou adiante esse plano de reunir pessoas que querem desacelerar com os trabalhos manuais.
Depois de abrir seu primeiro negócio em uma porta pequena, em 2014, a empreendedora viu sua loja crescer, mudou de endereço, e nesse final de semana ela comemora 3 anos de projeto, com uma programação durante todo o sábado (08), com comidinhas, atividades criativas, exposição de bordados e roda de samba.
“Consegui olhar para as referências de minha família, para o que fazia sentido em minha vida, combinei com minha formação universitária e criei algo novo que gera novas ideias e conforto às pessoas”, avalia a empresária.