Nos últimos cinco anos, o Paraná registrou aumento de 40% no número de homens que adotam o sobrenome das mulheres após o casamento. Os dados da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Paraná (Anoreg-PR) mostram que, somente em 2016, foram realizados 1.576 matrimônios com a troca de sobrenomes e Curitiba foi a cidade com mais adeptos: foram 370 registros no ano passado, um aumento de 60% em relação a 2012.
Embora ainda não seja a situação mais comum em matrimônios – já que a prática de a mulher adicionar o sobrenome do marido ainda é mais forte – algumas circunstâncias explicam o crescimento dessa procura pelos maridos. De acordo com Ricardo Calderon, advogado especializado em direito de família, a troca de sobrenomes entre homens e mulheres foi autorizado pelo Código Civil em 2002. “Historicamente tinha a tradição de que a alteração do sobrenome deveria ser feita pela mulher e agora, depois da lei, isso se tornou facultativo para os cônjuges”, afirma.
Mudança
Para ele, essa mudança está atrelada ao arbítrio gerado pela Constituição Federal, que prevê que todos (independente do sexo) são iguais perante a lei. “Basicamente isso reflete o principio da igualdade condicional entre homem e mulher e cada vez mais a gente vem afirmando isso no direito da família”, afirma.
A cultura de registro de nomes é diferente pelo mundo. Em diversos países hispânicos (como a Espanha, México e Peru), o sobrenome materno é colocado por último, depois do sobrenome paterno. Já no Brasil, a tradição é ligada ao patriarca da família. “Entretanto, temos registrado um crescimento elevado nos casos em que nenhum dos cônjuges pretende alterar os seus nomes e sobrenomes. Acreditamos que a prévia consolidação no mercado profissional e de trabalho seja a principal causa desse fenômeno”, conta José Marcelo Lucas de Oliveira, presidente do conselho fiscal da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Paraná (Anoreg-PR) e notário e registrador civil do Cartório Taboão.
Questão de opção
Na vida do casal Rômulo Rodrigues Silva Sthittini, professor de Educação Física, e Chenya Vivian Sthittini, fisioterapeuta, a mudança de nome para ela acarretaria em uma série de alterações. “A minha mulher disse que não estava a fim de mexer nos documentos e eu disse que por mim não tinha problema nenhum”, diz Rômulo. Além disso, é uma forma de manter o nome do pai dela, já que a irmã não manteve.
Já para Denise Kasburg Philippsen, estudante, e Ricardo Kasburg Philippsen, administrador, a questão de só a mulher adotar o sobrenome do homem parece que ela já não pertence mais a sua família e passa para a família do marido. “Quando na verdade o que acontece é a criação de uma nova família, que representa a união das duas anteriores. Eu me sinto fazendo parte da família dele, com novos pais, novos irmãos, e ele também, com a minha. Então nós dois adotamos nossos dois sobrenomes”, afirma Denise.
Um dos casos mais conhecidos é o de John Lennon e Yoko Ono. O ex-beatle acabou acrescentando o sobrenome de sua mulher e seu nome legal antes de morrer era John Winston Ono Lennon. Jay-Z também optou por juntar o sobrenome de Beyoncé ao seu e passou a se chamar Shawn Knowles-Carter.
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