Moda e beleza

As ânforas que viraram um clássico

Daniela Neves - anielan@gazetadopovo.com.br
26/10/2008 02:01
Quem usava Acqua Fresca e Thaty nos embalos dos anos 80 não desconfia da história pitoresca que há por trás das embalagens em formato de ânfora desses perfumes, agora já clássicos. Muito menos o empresário Miguel Krigsner imaginava que mudaria a trajetória de sua pequena botica na rua Saldanha Marinho quando resolveu adquirir um lote com 70 mil vidros de Silvio Santos, em 1979, depois que o apresentador desistiu de abrir uma fábrica de perfumes.
Após a compra do lote, o farmacêutico ganhou um problema: o que fazer com tantos vidrinhos? Surgiu então a idéia de colocar uma “água fresca” dentro da embalagem e assim nasceu um dos mais usados perfumes do Brasil, o Acqua Fresca, que depois de quase 30 anos continua no catálogo da agora fábrica de perfumes, cosméticos e maquiagem. “Este número (de embalagens) era exorbitante e, por isso, começamos a produzir outras colônias, várias fragrâncias, utilizando o mesmo tipo de frasco. Tínhamos ânforas de várias cores, mas cada uma com uma fragrância diferente. Naquela época eu já percebia que o cliente realmente queria embalagens diferenciadas, algo que ele pudesse usar para decorar seu banheiro. E assim, com o passar do tempo, fomos esgotando o estoque de ânforas”, conta Krigsner.
A despretensiosa botica tornou-se a maior rede de franquias de cosméticos e perfumaria do mundo. A empresa, que tem sua base em São José dos Pinhais, trabalha com 2.465 lojas no Brasil, além de 70 lojas e mil pontos de venda em outros 20 países.
A marca cresceu junto com um mercado que encontrou seu caminho e que não pára de prosperar. O brasileiro deixou de achar que os cosméticos e perfumarias são produtos supérfluos para considerá-los parte de suas vidas. A indústria brasileira do setor passou de um faturamento de R$ 8,3 bilhões, em 2001, para R$ 15,4 bilhões, em 2005, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal (Abihpec). O setor fechou 2007 com um faturamento de R$ 19,8 bilhões, número 13,4% maior que em 2006. Somente O Boticário teve um faturamento de R$ 832 milhões no ano passado e projeta um crescimento de 18% até o final de 2008.
Esse crescimento, segundo a Abihpec, é reflexo da participação da mulher no mercado de trabalho, da incorporação de novas tecnologias de produção pelas empresas e do lançamento constante de novos produtos. Novidade é o motor desse mercado. “Existe a necessidade do novo, as pessoas estão muito inquietas, querem estar sempre se atualizando. Além disso, a área de cosméticos e perfumaria é muito ligada à moda, que também está sempre se renovando”, diz Andrea Mota, diretora de marketing de O Boticário. Para crescer e fazer frente à concorrência, a empresa inventa e reinventa: além de produzir perfumes em tonéis de vinho, resgatou a técnica milenar do enfleurage, que você confere a seguir.

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