Saúde e Bem-Estar

Bebida alcoólica depois da vacina: por que faz mal e é bom evitar?

Amanda Milléo
11/04/2019 17:00
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A sensação de mal estar que pode surgir depois da imunização é comum, e até mesmo esperada pelos médicos e especialistas. Foto: Bigstock.

Há quem desconfie quando, depois de tomar uma vacina, recebe o conselho do profissional de saúde: “deixe de lado cerveja, vinho, ou qualquer outra bebida alcoólica pelos próximos dias”.
Não parece, a princípio, ter qualquer conexão entre os drinks e a vacinação, mas há uma explicação plausível — e que deveria ser seguida — para abandonar o álcool por um tempo.
Quando tomamos uma vacina, seja ela feita a partir de um vírus/bactéria atenuado ou inativado, oferecemos ao organismo um corpo estranho para que ele “aprenda” a nos defender.
Durante um período, que varia de quatro a seis semanas, o sistema imunológico se dedica à produção dos anticorpos certos. Assim, quando encontrarmos o microorganismo real, o corpo saberá como reagir.
O que nem todo mundo sabe, conforme explica Reginaldo Oliveira Filho, médico hospitalista clínico do Hospital São Vicente, é que as bebidas alcoólicas afetam o sistema imunológico, tornando-o menos eficaz.

“Quando eu recebo a vacina, quero que o sistema imunológico trabalhe para me proteger, criar os anticorpos contra uma doença. E quando eu tomo uma bebida alcoólica, faço com o que o sistema fique menos ativo. Essa é uma teoria, não há evidências científicas, mas é plausível”, explica o especialista.  

A mesma ideia é compartilhada pela médica endocrinologista Myrna Campagnoli, diretora médica do laboratório Frischmann Aisengart. “É uma indicação boa no geral. Na prática, não há nenhum risco de reação [da bebida alcoólica com a vacina], mas as bebidas reduzem a imunidade. É justamente o momento que você quer que o corpo responda, produza os anticorpos para ser efetivo, e essa resposta pode ser afetada”, explica.
Não se trata, conforme reforça a especialista, de um copo ou dois da bebida alcoólica — mas é importante evitar o exagero. “Se for uma quantidade pequena, não há interferência”, completa.

Reações adversas

A sensação de mal estar que pode surgir depois da imunização é comum, e até mesmo esperada pelos médicos e especialistas. Febre, dor no local da aplicação e mal estar são sinais que o organismo está produzindo os anticorpos necessários para o combate à doença, e não são, como o senso comum faz acreditar, sintomas de uma doença causada pela vacina.
Por ser produzida a partir do vírus inativado, ou “morto”, a vacina contra a gripe é incapaz de produzir a gripe. Mas, quando em contato com esse componente do imunizante, o organismo gera uma resposta — que é esperada e positiva à saúde, conforme explica Myrna Campagnoli, médica endocrinologista.
“É uma reação bem comum, porque no momento em que o antígeno é injetado, o corpo vai gerar uma reação a esse corpo estranho, que pode ser um vírus atenuado ou uma cápsula do vírus/bactéria. O organismo identifica o corpo estranho e produz anticorpos, gerando uma reação inflamatória. É essa reação inflamatória do corpo que pode produzir a febre, o mal estar e a dor no local, pois mostra a reação do organismo”, explica.
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