Alimentos enlatados também podem ser aliados da dieta
Amanda Milléo
29/11/2018 07:00
Mesmo sem conservantes e aditivos, alimentos vendidos em latas exigem cuidados com manejo para saúde (Foto: Bigstock)
Cada vez mais pessoas têm se conscientizado que os alimentos ultraprocessados — embora práticos para o dia a dia — contêm conservantes e aditivos que não são os ingredientes mais saudáveis a serem incluídos na dieta. Isso não cabe, porém, aos enlatados.
Milho, atum, sardinha, tomate e ervilhas em latas não contêm qualquer tipo de conservante ou aditivo (repare no rótulo, a composição é geralmente água + alimento + sal e/ou açúcar), o que os tornam boas opções para as refeições. Outra dica: a rotulagem traz, sequencialmente, o ingrediente mais predominante naquele produto, do maior para o menor.
Isso não exclui, porém, alguns cuidados com o manejo dos produtos durante a compra e mesmo antes do consumo, de forma a proteger a saúde.
Se a lata estiver amassada, furada, com resto de comida em cima, ou estufada, não a compre e alerte o estabelecimento comercial que a estiver vendendo. Esses são sinais de que houve um problema na vedação do produto — seja por culpa de uma queda da prateleira, ou mesmo no momento de envasamento do alimento. Uma vez perfurada, a lata abre espaço para a presença de micro-organismos, que ganham um ambiente propício a sua reprodução.
“O grande vilão dos enlatados é a bactéria patogênica clostridium botulinum, que gera a toxina botulínica, o botulismo. Essa toxina leva a uma paralisia muscular, travando os músculos da respiração e cardíacos, e que podem levar ao óbito de quem o consumir”, explica Laura Beatriz Karam, professora doutora do curso de engenharia de alimentos da PUCPR.
Além disso, as latas são revestidas por um verniz protetor. Quando recebem um alimento ácido, como por exemplo um pepino ou abacaxi em calda, o verniz impede a corrosão da embalagem. No caso de uma queda da prateleira, o verniz pode se romper e enferrujar, favorecendo também a entrada de micro-organismos.
“O estufamento da lata é característico de um processo de esterilização onde os micro-organismos não foram destruídos na totalidade. E alguns deles são patogênicos produtores de gás, por isso o estufamento. Pode ser ainda que, através do rompimento da lata, esses micro-organismos tenham achado um meio de entrar”, reforça Karam.
Limpeza da lata é fundamental
Mesmo as pessoas mais delicadas não conseguem abrir uma lata de sardinha ou atum sem inevitavelmente deixar o líquido que está dentro escorrer pela superfície e, em muitos casos, retornar ao alimento. Caso a lata não esteja bem limpa, os micro-organismos ou substâncias na tampa entram em contato com o alimento, como a urina de rato que é transmissora da leptospirose.
Sempre lave a lata com água corrente e sabão/detergente e nunca deixe o alimento que sobrou dentro da lata. “Retire o alimento que restou e coloque em outro pote, de preferência de vidro, com tampa. Anote também a data e sempre procure consumir o alimento o quanto antes”, explica Alessandra Stefani, nutricionista responsável pelo setor de Nutrição do hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
A especialista lembra ainda que a data de validade dos produtos também deve ser reforçada pelos consumidores. “As pessoas se preocupam em ver a data em alimentos como iogurte e leite, produtos mais perecíveis. Mas, esquecem dos enlatados e outros. Muitas vezes são prazos mais longos, mas é bom ficar de olho sempre”, reforça Stefani.
Quanto tempo pode guardar?
Alimentos com pH ácidos, como pepinos e abacaxi em calda, devem ser conservados na geladeira por no máximo cinco dias. Sardinha e milho: prefira sempre o consumo imediato. Creme de leite, com pH mais próximo do neutro, o ideal é o consumo em até 24 horas.