Saúde e Bem-Estar

Como prevenir coceira, irritação e outros problemas da região íntima em homens e mulheres

Roberta Braga, especial para a Gazeta do Povo
11/01/2019 12:00
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Candidíase é a queixa mais comum das mulheres no cuidado com a saúde íntima no verão. Foto: Bigstock

A combinação sol, areia, praia, piscina, altas temperaturas e excesso de suor pode ser perigosa para a saúde da região íntima, tanto na mulher quanto no homem. Irritações, coceiras e até infecções mais graves são alguns dos problemas que podem causar grande desconforto nessa época do ano.
Quanto mais baixa a imunidade, maiores as chances do corpo sofrer. Por isso, conforme aconselha o urologista Fernando Meyer, membro da Comissão de Ensino e Treinamento da Sociedade Brasileira de Urologia, é preciso manter uma alimentação saudável, com ingesta adequada de líquidos (água e sucos), prática de atividade física, além de evitar o excesso de bebida alcoólica. “São hábitos que aumentam a imunidade e consequentemente diminuem a ocorrência de doenças.”

Mulheres: candidíase é a queixa mais comum

Para as mulheres, verão significa cuidado redobrado com a higiene íntima. “É no calor que a zona genital acaba ficando mais suscetível ao aparecimento de fungos e bactérias, por isso que alguns cuidados básicos ajudam a manter a saúde e evitar qualquer incômodo”, aponta a médica ginecologista e obstetra Ana Carolina Lúcio Pereira, de São José dos Campos (SP). Entre as condições, a candidíase – infecção causada por um fungo e que tem como sintomas coceira, ardência e corrimento –costuma ser a queixa mais comum.
Nos cuidados básicos entram a limpeza correta, que é mais simples do que a maioria das pessoas pensam. De acordo com a ginecologista, vale dispensar qualquer produto e lavar somente com água corrente. “No máximo, um sabonete neutro pra ajudar a tirar o excesso de sujeira”, explica a médica. Os sabonetes e desodorantes íntimos podem ser usados, já que possuem pH ácido (entre 4 e 6) e por isso não provocam alterações na flora da região e colaboram para manter a proteção local. Além disso, a recomendação é não usá-los nas partes genitais internas, não usar mais do que três vezes ao dia e realizar a limpeza de forma delicada. Esses cuidados são necessários para evitar reações alérgicas e para não machucar a região.
Se a preocupação é com a depilação, Ana Carolina explica que a retirada dos pelos favorece a limpeza adequada e uma melhor higiene, já que os pelos contribuem para reter restos de fezes e urina.  “Os pelos da região tem função de barreira para micro-organismos, quando não se pensava em usar roupas íntimas.”
Em relação ao uso de absorvente interno, a médica tranquiliza. “Está liberado, desde que não permaneça mais de seis horas sem trocá-lo”, orienta. Com relação aos absorventes externos, o recomendado é preferir os que possuem cobertura suave em algodão. “Os que têm cobertura seca em geral são revestidos com plástico e, com isso, a tendência é esquentar mais a região”. Já quem faz uso do coletor menstrual, não precisa se preocupar: como são produzidos em silicone cirúrgico, não dão alergias, não esquentam e podem ser trocado em até dez horas.

Deixe a região “respirar”

A região íntima precisa “respirar” e, por isso, o ideal é evitar o uso de peças apertadas e com tecidos muito pesados. As roupas feitas com 100% de algodão são as mais indicadas, além de saias e vestidos que favorecem a ventilação. Já na hora de dormir, a sugestão da médica é dispensar a lingerie.
Na praia ou na piscina o principal cuidado é evitar passar o dia todo com o biquíni, principalmente depois de entrar na água. “Esse hábito é um facilitador para várias doenças, como candidíase, bactérias que causam coceira e até mesmo infecção urinária”, alerta Dra. Ana Carolina. Depois de molhar as peças, o recomendado é recomendado tirá-las. A dica é sempre levar na bolsa outro modelo ou uma calcinha de algodão para fazer a troca.
(Foto: Bigstock)
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Os cuidados com lavagem e secagem das roupas íntimas e de praia também podem ajudar a evitar complicações de saúde. “Dispense amaciantes e alvejantes e use apenas sabão neutro, de coco ou antialergênicos, e enxague com muita água.” Prática comum entre as mulheres,  lavar a calcinha ou o biquíni no banho e pendurá-los no box do banheiro pode contribuir para alguma contaminação. “Esse ambiente é perfeito para a multiplicação de fungos, então o ideal é deixar que sequem ao sol ou em local bem arejado”, finaliza.

Homem: limpeza e depilação devem fazer parte da rotina de cuidados

Nos homens, com o aumento da temperatura, da umidade e com a produção excessiva de suor, a micose é o problema que mais costuma incomodar os homens. “Micoses são infecções ocasionadas por fungos e que causam coceira, vermelhidão e irritação principalmente na virilha e no pênis. A condição é mais comum em homens que não realizaram a circuncisão”, explica. Outras doenças que podem ocorrer são as dermatites alérgicas devido o contato da pele com tecidos  sintéticos, como nylon e lycra, ou substâncias químicas, como as encontradas no protetor e no bronzeador.
A higiene adequada da região genital é o cuidado mais básico. O médico explica que a limpeza do pênis no banho envolve “puxar o prepúcio (pele que recobre a glande ou cabeça do pênis) até o aparecimento total da glande, passar água com sabonete sobre a superfície da mucosa e/ou pele suavemente, até sair toda a camada de gordura acumulada chamada de esmegma.”
Além disso, após a limpeza do órgão, é preciso higienizar toda a região genital e anal de forma habitual. “É importante lembrar que a água deve ser morna ou fria. A maioria dos homens pode usar sabonete comum de pH 7, que é o neutro, para fazer a limpeza do pênis sem problemas. Naqueles homens com a pele sensível ou propensão a alergias, pode ser utilizado um sabonete íntimo de pH fisiológico (pH 5-6).”
Foto: Bigstock
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Para não sofrer com infecções e alergias é necessário manter, sempre que possível, a região limpa e seca. Secar completamente a região é tão importante quanto a higiene correta, pois a umidade é um fator importante no aparecimento das micoses. “Uma dica é utilizar o secador de cabelo para auxiliar essa secagem, desde que o ar seja frio.” Na praia e na piscina, a indicação é evitar ficar o dia todo com a sunga molhada. Além disso, sempre que possível deve-se secar a região genital e trocar o traje de banho.
Outro fator importante no cuidado do homem é a depilação. “Não é necessário depilar completamente os pelos pubianos. A depilação total aumenta a chance de inflamação e infecção cutânea, podendo causar foliculite e abscessos de pele.” Meyer ressalta que o cabelo é um meio de proteção do organismo e que isso não é diferente na região genital.
“No entanto, faz parte de uma boa higiene aparar os pelos da área genital. Na base do pelo há glândulas que produzem suor e gorduras para lubrificar e resfriar a pele, e essas podem causar um cheiro desagradável ou servir de alimento para germes, predispondo o aparecimento de doenças de pele.”

Lavar as mãos antes e depois de urinar

Outro hábito que atua de forma preventiva é o de lavar as mãos após usar o banheiro. No caso dos homens, é preciso realizar essa higiene antes e depois de urinar. “Lavar as mãos antes de tocar o pênis é fundamental para evitar o risco de levar bactérias e fungos para região genital. Ao tocar o pênis com a mão suja, o homem pode estar contaminando a mucosa e a pele da região com todos os germes acumulado.”

Prática pouco comum, entretanto, mas que deve fazer parte da rotina do homem é a de enxugar o pênis após urinar com papel higiênico. “Isso evita ou reduz a possibilidade que restos de urina fiquem na cueca. Esses resíduos favorecem uma inflamação local ou mesmo as infecções fúngicas, já que a urina é um meio de cultura para germes, pois é rica em amônia.”

A troca da roupa íntima deve ser feita diariamente e o ideal é escolher peças feitas de algodão, que absorve melhor a transpiração que os sintéticos. “É um tecido natural e é hipoalergênico, ao contrário de nylon e outros materiais sintéticos. Outra opção são as peças feitas com tecidos de fibra de bambu, um material tecnológico que promete a redução da umidade.
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