Dia Mundial do Doador de Sangue: confira a importância da doação e como doar
Patrícia Sankari
14/06/2024 11:22
Uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. Todos os tipos sanguíneos são bem-vindos. | Gilson Abreu
O empresário Carlos Roberto Piccoli sempre teve o hábito de doar sangue. Ao longo dos anos, contribuiu várias vezes, ciente do impacto positivo que suas doações poderiam ter na vida de outras pessoas. No entanto, jamais imaginou que um dia seria ele próprio o beneficiário desse gesto.
Aos 71 anos, começou a perceber uma perda de peso. “Isso foi ali nos primeiros meses de 2023. Até ali, eu estava levando mais para a vaidade. Achei até bom”, recorda. No entanto, em maio, os sintomas se intensificaram, deixando-o debilitado e alarmado.
“No dia em que realmente me senti mal, passei o dia inteiro indisposto. Só queria dormir, ficar deitado. Até tremedeira eu tive. À noite, resolvi tomar um banho. Quando me olhei no espelho, fiquei assustado com a minha aparência, percebi que estava realmente mal e tive uma crise de pânico. Só tive tempo de gritar para a [minha esposa] Heddy e dizer: ‘Estou mal’. E ela correu para me levar à UPA”, explica.
Após receber soro na UPA de Matinhos e ser transferido para Paranaguá, onde enfrentaria uma espera para ser atendido, Piccoli e sua esposa decidiram ir às pressas para o Hospital Santa Cruz, em Curitiba. Foi lá que descobriram que a condição era emergencial: ele estava sofrendo de hemorragia digestiva, caracterizada por sangramentos nos órgãos do sistema digestório, como o esôfago, o estômago e o intestino delgado.
“Ele estava com anemia profunda, porque perdeu muito sangue, mas tudo internamente, então, não sabíamos. Chegamos lá e ele foi direto para a UTI, onde permaneceu por cinco dias e recebeu três bolsas de sangue”, explica Heddy Lamar Piccoli.
No total, Piccoli ficou sete dias no hospital, cinco na UTI e dois no quarto. “Eu acordei e vi a bolsa de sangue pendurada. Nessas horas, a gente volta o filme: sempre fui doador de sangue, sempre gostei de doar. Na nossa empresa, quando algum funcionário tinha algum problema de saúde e precisava [de transfusão de sangue], nos reuníamos e doávamos. Então, somos gratos a Deus por existirem pessoas que doaram sangue, porque me permitiu ficar bem e estar aqui agora”, diz.
Uma doação, quatro vidas salvas
Apesar de muitas pessoas não se darem conta da grandiosidade do gesto, a doação de sangue salva vidas. “A doação de uma bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas. Então, é um tempinho que você tira para fazer isso e pode levar vida para outra pessoa”, afirma a diretora do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), Vivian Raska.
Mesmo sendo uma prática importante, algumas pessoas acabam tendo receio de doar. “Em alguns casos, essa apreensão em doar se dá por conta de alguns mitos. Um deles é: ‘Vou doar sangue e vai faltar sangue para mim’. O nosso corpo produz diariamente as células. Então, após a doação, o próprio organismo vai fazer toda a reposição”, explica Raska.
Outro mito destacado pela por ela é a dor. “Isso é algo muito particular, mas a dor de doar é a mesma de um procedimento de coleta de sangue laboratorial, que é uma picadinha. É claro que a agulha é um pouquinho mais calibrosa, mas ela é toda feita com um material ‘molinho’. Por isso, não é uma agulha que vai ficar incomodando no momento da doação. Então, não é um procedimento que cause grande desconforto”, diz.
Como doar?
Atualmente, o Hemepar fornece sangue para cerca de 385 hospitais em todo o estado do Paraná, garantindo o abastecimento necessário para procedimentos médicos essenciais, como cirurgias de grande porte, traumatismos, sangramentos gastrointestinais ou partos com grande perda de sangue. No ano de 2023, 183.778 pessoas realizaram doação de sangue para a rede Hemepar, total que permitiu o atendimento das demandas, mas sem folgas: houve momentos em que o estoque ficou crítico e foi preciso chamar a população para intensificar as doações.
Para doar e integrar essa rede de solidariedade, é simples: basta ter entre 16 e 69 anos (menores de idade devem ser acompanhados pelo responsável legal), pesar mais de 51 quilos e estar em boa saúde (veja ao lado).
Geralmente, todo processo dura em torno de 40 minutos a 1 hora – e as doações podem ser feitas a cada 60 dias por homens (com limite máximo de quatro ao ano) e a cada 90 dias por mulheres (com limite máximo de três ao ano). O agendamento é feito online.
“Para o dia da doação, nós sempre orientamos que antes seja feita uma boa ingestão de líquidos e que o doador se alimente bem. Muita gente confunde com o exame de sangue, achando que não pode comer no dia, mas na verdade é um procedimento totalmente diferente”, esclarece Vivian. A orientação serve para evitar mal estar após a doação.
Outro ponto que merece destaque é que todo tipo sanguíneo é bem-vindo. “Como o tipo O é um doador universal, ele é a primeira escolha para emergências em que não é possível identificar o tipo sanguíneo da vítima. Porém, todo tipo de sangue é extremamente necessário para manter os estoques e atender às demandas dos 385 hospitais”.
Homenagem
14 de junho é o Dia Mundial do Doador de Sangue, criado para homenagear as pessoas que doam e conscientizar aquelas que ainda não o fazem. No Brasil, o Dia Nacional do Doador de Sangue é 25 de novembro.
Quem não pode doar?
Além de pessoas fora da faixa etária e do peso, há restrições temporárias ou permanentes para a doação por pessoas que têm problemas de saúde agudos ou crônicos, foram recentemente imunizadas, passaram por cirurgias, viajaram para fora do estado recentemente, estão amamentando ou têm maior risco de adquirir doenças sexualmente transmissíveis. A lista completa pode ser encontrada no mesmo site voltado ao agendamento.
Meia-entrada
Além das datas, os doadores paranaenses ganham direito à meia-entrada em eventos culturais e à isenção do pagamento de taxas de inscrição em concursos públicos e processos seletivos realizados no âmbito dos Poderes do Estado.