Saúde e Bem-Estar

Como saber se você tem mau hálito e o que fazer para acabar com o problema

RBS, por Camila Kosachenco 
18/12/2018 12:00
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A culpa quase nunca é do estômago: mais de 90% dos casos têm origem bucal. Foto: Bigstock

Mau hálito não é brincadeira, tampouco deve ser motivo para comentários e piadas. Essa alteração do odor bucal, chamada de halitose, é bastante comum e atinge cerca de 50 milhões de pessoas no Brasil, conforme a Associação Brasileira de Halitose (ABHA). O cheiro desagradável pode ser consequência de alguma condição normal do corpo ou de uma doença. A diminuição na produção de saliva, como ocorre quando dormimos, por exemplo, é uma condição fisiológica que favorece o mau hálito. Doenças da gengiva, renais, hepáticas, cânceres e até mesmo a constipação são algumas das patologias que podem interferir no odor bucal.
“Mais de 90% dos casos têm origem bucal. As bactérias que colonizam a boca se alimentam das peles descamadas e, depois, eliminam gases que têm odor desagradável. Na língua, elas se depositam formando uma camada branca, chamada de saburra lingual. É ela que gera o cheiro”, explica a dentista Rosemeire Ribeiro Lopes, do Centro do Hálito de Pernambuco.

Para esses casos, amenizar o problema depende da boa higiene: escovação, fio dental e raspadores de língua – que devem ser usados, ao menos, uma vez ao dia.”Os limpadores que vêm nas escovas, ao lado oposto das cerdas, não são indicados. Eles só fazem massagem nas bactérias”, adverte a dentista Cláudia Christianne Gobor, presidente da ABHA e vice-presidente da Associação Brasileira de Odontologia-PR.

Rosemeire sugere usar o raspador antes do café da manhã, para garantir a eliminação da saburra formada ao longo da noite. Depois da refeição, a indicação é fazer a higiene normal. “Essa limpeza deve ser a primeira coisa a se fazer ao acordar. O que causa o mau hálito é a língua”, diz Rosemeire. Nosso corpo tem um mecanismo no cérebro que “apaga” os cheiros que são contínuos, por isso não conseguimos sentir o próprio hálito porque o nosso. O ideal é conversar com os amigos mais próximos e falar com seu dentista.
O uso exagerado de enxaguantes bucais, ao contrário do que se pensa, pode ter efeito rebote. Isso porque boa parte deles contém álcool ou lauril sulfato de sódio, substâncias que causam o ressecamento da boca, fazendo com que ela descame mais e, consequentemente, produza mais combustível para as bactérias agirem. A relação é a mesma para quem abusa das bebidas alcoólicas: ressecamento, descamação e mais odor.
O uso dos limpadores de língua são fundamentais para acabar com a o mau hálito. Foto: Bigstock
O uso dos limpadores de língua são fundamentais para acabar com a o mau hálito. Foto: Bigstock
“Saliva é o melhor enxaguante bucal que pode existir”, garante Rosemeire. Gengivite, periodontite e sisos parcialmente erupcionados são condições bucais que também podem alterar o hálito.

A culpa não é do estômago

Muita gente relaciona o odor bucal a problemas no estômago, mas poucas vezes eles são os culpados. “Halitose estomacal responde por só 2% dos casos, e o estômago é causa coadjuvante nessas alterações do hálito. Portanto, causas estomacais são um mito – afirma Cláudia.
A especialista diz que problemas renais, hepáticos, tumores e constipação podem alterar o odor bucal. Estresse, ansiedade, uso de certos medicamentos, baixa hidratação e respiração bucal também são situações capazes de ocasionar o mau cheiro, por causa da diminuição na produção de saliva.

A fome é outro fator que pode gerar mau hálito. Segundo Cláudia, esse tipo de halitose tem característica metálica, em função da quebra de gorduras. “Ocorre quando o organismo não tem mais carboidrato e começa a quebrar ácidos graxos, liberando esses compostos com cheiro semelhante a ranço de manteiga “, afirma a presidente da ABHA.

Pessoas que costumam fazer jejuns prolongados podem melhorar esse aspecto tomando bastante água e chá, além de limpar bem a língua. Comer fibras, mastigar bem os alimentos e manter uma boa hidratação também é importante para produzir uma quantidade adequada de saliva e, assim, melhorar o hálito.

Como fazer a limpeza adequada

Além do fio dental e da escovação, raspar a língua duas vezes ao dia garante a retirada da saburra lingual, causadora do mau cheiro. Esse procedimento deve ser feito com limpadores de língua específicos ou raspadores. Segundo a dentista Rosemeire Lopes, no fim da língua há papilas, semelhantes a bolinhas, que fazem um “v”. Elas são o limite do local que precisa ser limpo.
“O raspador deve ser usado das papilas em direção à ponta. Nas primeiras passadas, forma-se uma massa bem espessa. Lave o acessório e use-o novamente até não sair mais nada além de saliva. Para facilitar, segure a ponta da língua com uma mão e limpe com outra”, ensina.
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