Saúde e Bem-Estar

Método militar promete trazer o sono em dois minutos

Emily Maloney, The Washington Post
08/01/2019 17:40
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Quando o sono – seja mais curto ou longo – não é capaz de recuperar todo o cansaço do dia, é um sinal de alerta. (Foto: Bigstock)

Recentemente, eu parei de dormir. Eu costumava ser uma daquelas pessoas campeãs em dormir – você conhece o tipo. Eu tinha o poder de cair no sono em um ônibus a caminho de casa ou em uma longa viagem de carro. Eu podia ficar deitada na cama durante 30 segundos e imediatamente apagar. E eu precisava disso também: dormir é a única coisa que faz de mim uma pessoa, e não um lobo, pela manhã.
Eu tenho Deficiência de Aprendizagem Não-Verbal (Nonverbal Learning Disability, em inglês, reconhecida pela sigla NLD), e algumas evidências sugerem que as pessoas com essa condição precisam de mais horas de sono que a média; NLD normalmente resulta em déficits nas habilidades motoras e sociais. Mas, desde quando 2018 conspirou para ser uma mistura de tragédias pessoais e não tão pessoais, eu parei de dormir. Em vez disso, eu sento na minha cama, no meio da noite, consumida por pensamentos do que poderia acontecer depois e como eu poderia evitar uma ruína incerta.
Não tinha problemas para dormir desde a faculdade, quando eu me medicava fortemente contra uma doença (que, mais tarde, descobri que não tinha) e frequentemente comia pizza ou quesadillas com meus amigos às 2 horas da madrugada. (Mais tarde, descobri que eu tinha NLD, combinado com hipotireoidismo e deficiência vitamínica).
No fim das contas, todo mundo tem privação de sono, e isso está matando todos nós (lentamente). Estou falando sério: há uma grande quantidade de evidência de que a privação do sono resulta em um aumento na pressão arterial, diabete e doenças cardíacas.
Nós devemos garantir para o corpo pelo menos sete, ou mais, horas de sono. Nos dias bons, eu quase chegava a seis horas. Aparentemente, se em alguns dias você não conseguir uma quantidade suficiente de sono, seu cérebro acredita que é equivalente a estar bêbado. E nós podemos estar todos bêbados, então.

O que me ajudou, de fato, a dormir?

Eu tentei chá de hortelã, um copo de leite morno, bani aparelhos eletrônicos do nosso quarto (essa opção tem benefícios clinicamente provados – a luz azul do seu telefone ou computador age contra a habilidade natural do corpo de cair no sono).
Tentei ir para a cama mais cedo. Tentei ir mais tarde. Removi a cafeína e o álcool da minha dieta. Parei de comer depois das 19 horas, porque eu tinha lido que a digestão pode afetar o sono. Comprei um novo despertador, que supostamente me acordaria gentilmente aumentando a luminosidade do quarto aos poucos, enquanto trazia o som de pássaros cantarolando ao fundo. Evitei ver tevê e mexer no meu computador duas horas antes de dormir.
Então, eu fui além. Eu estava disposta a tentar praticamente de tudo para dormir. O chamado método militar supostamente faz com que você caia no sono dentro de dois minutos. Desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial, o método visava ajudar pilotos da aeronáutica norte-americana a dormir mesmo em circunstâncias não tão ideais, de acordo com informações do livro “Relaxe e Ganhe: Performance Campeã em Qualquer Coisa que Você Faça”, de 1981, de autoria de Bud Winter.
O método ganhou popularidade no último ano graças, em partes, a uma matéria em uma revista de estilo de vida masculino, depois em outra postagem feita na rede social Medium e depois em vários outros sites e revistas. Logo, o método era conhecido por todos.

Método militar, como funciona:

1. Relaxe todos os músculos da sua cabeça. Sua face, sozinha, tem 43 músculos. Finja que nenhum deles funciona.

2. Relaxe seus braços e ombros. Comece por um lado, depois o outro. Se preferir, você pode fazer em partes.

3. Relaxe seu torso e expire. Os músculos intercostais – aqueles que ajudam no movimento do seu peito enquanto você respira – são na maioria involuntários, mas finja que você está relaxando eles também.

4. Finja que toda a sensação das suas pernas está indo embora. Comece pelas coxas, depois as panturrilhas.

5. Enquanto faz tudo isso, tente limpar a sua mente. Se não funcionar, o que pode acontecer, repita para você mesmo: “não pense, não pense, não pense”, para ajudar a clarear a mente. Você pode também pensar em imagens relaxantes, como estar em uma rede em um quarto escuro ou deitado em uma canoa em um lago silencioso.

Resultado

Os primeiros dias foram brutais. Eu passei a maior parte das tentativas deitada na cama e encarando o teto, na tentativa de me imaginar em uma canoa, em um lago silencioso. Mas o lago tinha água e eu vinha me preocupando demais com os telhados de casa e a entrada da chuva. Então, abandonei a canoa.
A imagem da rede também não deu certo. A sensação era muito claustrofóbica. “Não pense”, eu disse para mim mesma. Isso também não funcionou, mas ajudou a manter a divagação longe. Eventualmente, eu caí no sono depois de meia hora de prática.
Tentei o método durante uma semana, e no quinto dia em diante, eu comecei a pegar o jeito dele. Eu senti que consegui reiniciar meu padrão de sono de uma forma fundamentalmente importante. E realmente consegui relaxar e me senti menos estressada antes de dormir.
Funciona em dois minutos? Absolutamente não. Redes de descanso e canoas parecem ser metáforas que não ajudam. Mas, mandar seu cérebro desligar pode ser uma atitude boa. E esse pode ser o ponto principal do método.
Se você quiser dormir em dois minutos, você pode ficar desapontado. Mas, se o seu objetivo é ir dormir em um horário razoável, por que não tentar? E se você conseguir dormir em uma canoa, conte-me seu segredo.
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