Saúde e Bem-Estar

A diferença da vacina da gripe de 2018 em relação a do ano passado

Amanda Milléo
27/03/2018 16:00
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Pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e hemófilo B, deverá ter falta agravada em consequência da reprovação do produto, que era importado da Índia. Foto: Bigstock.

A vacina da gripe 2018 terá uma proteção maior em relação à vacina de 2017. A cepa do subtipo do vírus H3N2 Singapore passa a fazer parte da composição do imunizante, depois de as autoridades em saúde perceberem uma maior circulação desse vírus específico, e os riscos relacionados a ele.
Esse é o principal motivo pelo qual, ano após ano, as pessoas são chamadas a se vacinarem contra a mesma doença. Pode parecer que se trata apenas de uma infecção, mas o vírus da gripe tem uma capacidade grande de gerar mutações e criar novas versões de si mesmo.
Nos Estados Unidos, uma mutação do vírus da gripe (H3N2 Hong Kong) gerou 47 mil casos no inverno de 2017, o dobro em relação ao período anterior, e a morte de 20 crianças. Essa mesma cepa já estava presente na vacina brasileira do ano passado.
“O que aconteceu nos Estados Unidos é que as pessoas estão se vacinando cada vez menos. Todas as crianças que morreram não haviam sido imunizadas”, explica Marta Fragoso, médica infectologista do hospital VITA.

16 de abril começa a campanha nacional de vacinação contra a gripe em todo o território nacional. O Dia D da vacina será no dia 5 de maio.

Confira abaixo alguns dos mitos e verdades mais comuns envolvendo a vacina da gripe, e tire as suas dúvidas antes de se vacinar:

Vacina da gripe causa a doença, ao invés de proteger: mito

Quem se vacinou alguma vez contra a gripe e teve sintomas logo em seguida deve achar que a causadora da doença foi, de fato, a vacina – mas os infectologistas garantem que isso não é verdade. “A relação de tempo entre o início da doença e a vacina não é causal. O que acontece é que a pessoa já estava no período de incubação da doença e a vacina não teve tempo de incentivar a formação dos anticorpos”, explica Heloísa Giamberardino, médica pediatra e coordenadora do centro de vacinas do hospital Pequeno Príncipe.
Além disso, a vacina contra influenza é feita a partir do vírus morto – e não vivo atenuado, como é o caso de outros imunizantes, como o da febre amarela. “Lá no início, quando a vacina foi feita pelas primeiras vezes, era a partir do vírus atenuado, por isso as pessoas ainda confundem. Mas agora não tem como desenvolver a doença, pois é feita com o vírus morto”, reforça a pediatra.

A vacina causa reações importantes: mito

Das reações mais comuns da vacina contra gripe está dor leve e endurecimento no local da aplicação, com duração de 48 horas. Pele avermelhada, dor muscular ou febre são sintomas raros.

Tomei a vacina e fiquei gripado mesmo assim: mito

Se a pessoa vacinada desenvolveu sintomas de gripe, podem ser duas causas: ou ela já estava com o vírus em processo de desenvolvimento, e a vacina não pode ajudar; ou não era gripe. “Muita gente confunde a gripe com resfriado, que é bem menos grave que a gripe. Os sintomas também são diferentes. Na gripe, a pessoa fica bem debilitada, enquanto o resfriado traz sintomas mais brandos, com pouca febre”, explica Marta Fragoso, infectologista.

Vacina da gripe é contraindicada a quem tem alergia a ovo: verdade

Pessoas alérgicas a ovo devem evitar a vacina contra gripe, e essa é uma das poucas contraindicações ao imunizante. Quem estiver com febre também deve evitar se vacinar, bem como quem fizer uso de medicamentos imunossupressores.
“Hoje em dia, mesmo gestantes, pessoas imunodeprimidas, desde que não estejam com uma queda muito importante dos glóbulos brancos, podem receber a vacina. Inclusive quem estiver passando pelo tratamento quimioterápico pode receber, se o médico liberar. Essas possibilidades se dão, justamente, porque a vacina não é feita de vírus vivo atenuado, mas de morto”, reforça Heloísa Giamberardino, pediatra.

Se me vacinar, protejo eu e todo mundo ao meu redor: verdade

Isso vale para todas as vacinas, inclusive contra a gripe. Como o organismo da pessoa imunizada desenvolve anticorpos contra aquele vírus, quando entrar em contato com ele, as células de defesa se encarregam de mata-lo. Quem estiver próximo a pessoa, e por alguma razão não foi imunizado, será protegido de forma indireta.

Estou gripado, mas estou bem para trabalhar: mito

Há um motivo para as empresas incentivarem a vacinação do funcionário contra a gripe: trata-se de uma doença impactante, com sintomas severos. Caso sinta-se gripado, mas ainda dê para trabalhar, provavelmente se trata de um resfriado.
“Um detalhe importante: as pessoas começam a transmitir o vírus um dia antes do início dos sintomas, e continuam nos sete dias seguintes. Então, se for diagnosticada com gripe, fique em casa para não espalhar aos colegas”, orienta Heloísa Giamberardino, pediatra.

Quem se vacina antes, se protege mais: verdade

Embora seja a mesma vacina, quem se vacinar antes do início das estações mais frias estará mais protegido pela simples questão de tempo. O vírus da gripe já está em circulação e, quando encontra uma temperatura e condições ideais, ele se desenvolve. Quanto antes se vacinar, o organismo estará preparado antes do inverno.

A vacina da gripe não é indicada a idosos e nem crianças: mito

Pessoas acima dos 60 anos podem, e devem, receber a imunização. Eles fazem parte do grupo de risco, que receberá a vacina de forma gratuita através da campanha nacional de vacinação, que começa no dia 16 de abril.
Ao lado deles, serão vacinadas também crianças a partir dos seis meses, até os cinco anos; gestantes, lactantes, puérperas até os 45 dias depois do parto, pessoas acima de 60 anos, profissionais da saúde, portadores de doenças crônicas não transmissíveis, como asma, bronquite e cardiopatas; pessoas confinadas; professores de escolas públicas e privadas.

10 a 15 dias é o período que o organismo leva para desenvolver os anticorpos contra o vírus da gripe, depois da vacina.

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