Saúde e Bem-Estar

Isadora Rupp

“Você já viu uma girafa correr para perder barriga?”, questiona Drauzio Varella

Isadora Rupp
09/07/2017 08:00
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Foto: Bigstock.

A questão do título, exposta no livro Correr, do médico e escritor Drauzio Varella, explica muito sobre a nossa preguiça e, por consequência, os altos níveis de sedentarismo: as espécies não foram programadas para perder gordura, e sim para acumular para os momentos de perigo e fuga — quando não havia garantia de que encontraria comida. Por isso, os animais não saem correndo por aí depois de se alimentarem.
Não é à toa que o estudo divulgado no mês passado pelo IBGE mostrou que a taxa de sedentarismo no país é de 62% entre jovens e adultos com 15 anos ou mais. Ou seja: fazer exercício não é mesmo fácil. Ao mesmo tempo, o crescimento do mercado fitness trouxe mais opções para quem quer escolher diferentes modalidades e ir além da tradicional musculação.
Em publicação de dezembro do ano passado, o American College of Sports Medicine também pontuou que a curva do sedentarismo é ascendente no mundo. “Isso gera consequências, como mais pessoas com hipertensão e diabetes, o que sobrecarrega a assistência médica e as finanças públicas na área de saúde”, lembra o professor da academia Studio Corpo Livre e diretor da Mahamudra Curitiba, Felipe Kutianski.
Para agradar alunos que não suportam a sala de musculação, Kutianski criou um treino baseado em calistenia — com exercícios como agachamentos, flexões e abdominais feitos somente com o peso do próprio corpo.
O ambiente também é diferente: o educador físico utiliza espaços como uma quadra externa e rampas de estacionamento para o treino, que é intenso. O que segue também novas linhas de estudo como o HIIT (Higth Intensive Interval Training), que aponta que é possível se exercitar por menos tempo com alta intensidade e ter os mesmos resultados para a saúde.
Karin Bonoto, advogada,<br> encontrou nos exercícios de calistenia uma forma de sair do sedentarismo (Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo)
Karin Bonoto, advogada,<br> encontrou nos exercícios de calistenia uma forma de sair do sedentarismo (Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo)
Aluna assídua da aula, a advogada Karin Bonoto Marcos se “encontrou” na calistenia. Após uma cirurgia de redução de estômago (ela já perdeu mais de 50 quilos), entrou em um ritmo pesado de trabalho e começou a reganhar o peso.
“Foi sofrido para fazer a cirurgia, tive complicação pós-cirúrgica e não queria passar por tudo aquilo a troco de nada. Foi aí que eu tive o estalo de fazer algo. Depois de umas férias, voltei para academia e comecei uma reeducação alimentar. Eu não tinha nem tênis. Em casa, minha família também não botava fé. A descrença de todos acabou na verdade me motivando”, diz.
Ela treina todos os dias e mudou radicalmente seu estilo de vida. “Troquei o happy hour no bar pelo treino. Claro, às vezes vou para o bar, mas depois da academia, que é a prioridade”.
Confira algumas opções de exercícios diferentes das modalidades tradicionais:
Pa-Kua
Aliar benefícios que o movimento traz para o corpo com uma filosofia que ajude a trazer equilíbrio mental também é possível, e é o que propõe o Pa-Kua. “É uma busca pela evolução pessoal, o que melhora a autoestima, consciência corporal, flexibilidade e diminui o estresse”, diz o mestre de Pa-Kua Marco Antônio Coelho de Souza Filho, que trouxe a arte marcial para Curitiba em 2003 — hoje, já são seis sedes na capital.
O ensinamento base é repassado ao aluno por meio de nove modalidades: Arqueria, Armas de Corte, Tai Chi e Yoga são algumas das aulas disponíveis, e o aluno monta sua rotina de acordo com as preferências pessoais, sem precisar competir. “Temos muitos alunos que faziam outras artes marciais e se sentiam pressionados a participar de campeonatos, por exemplo”, explica Marco.
Circo
Mesmo conceito da Get Flex Gym For All, que tem aulas de circo e ginástica rítmica. A proprietária, Graciella Nadal, que trabalhou por anos como treinadora de ginastas, resolveu ampliar a sua atuação: continua com atletas, mas criou aulas que atendem um público mais amplo. “Muitas meninas procuram a Ginástica Rítmica para melhorar a flexibilidade, e as aulas de circo são bem democráticas. Vamos adaptando conforme a idade do aluno e alguma possível limitação física”, esclarece.
Hábito
Segundo o professor Felipe Kutianski, para sair do ciclo biológico de poupar energia, o principal segredo é criar um hábito (a Organização Mundial da Saúde recomenda 150 minutos semanais de atividades moderadas). “É preciso separar quatro semanas e fazer algo diariamente para criar uma rotina. Aproveite que a grande maioria das academias fornece aulas experimentais e dias gratuitos de testes para você ter referências e tomar uma decisão”, sugere.
Clube — 20% a 30%
Assinantes da Gazeta do Povo têm descontos em dezenas de academias em Curitiba e Região Metropolitana, que vão de 20% a 30%, conforme o espaço. Confira os detalhes na página do Clube (gazetadopovo.com.br/clube-do-assinante) e no aplicativo. As opções incluem artes marciais, musculação, exercícios na água, ioga e crossfit.
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