Raízes Paranaenses

A arte encontra a ciência: descubra o lado científico de Lange de Morretes

Bruno Zermiani, especial para Pinó
17/05/2024 17:40
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Concha da coleção de Lange de Morretes que integra a exposição sobre o artista no Museu Paranaense. | SEEC

A série Raízes Paranaenses resgata a história e o trabalho de Lange de Morretes e João Turin em seis partes. Ainda não está acompanhando? Comece conhecendo melhor Lange de Morretes e João Turin. Depois, entenda como eles se tornaram pioneiros da modernidade.
Se existe uma característica que une a ciência e a arte é a curiosidade. O desejo de descobrir e explorar o mundo natural coloca artistas e cientistas na mesma busca por entender como as coisas funcionam, para então expandir a nossa compreensão da realidade — cada um à sua forma.
O interesse pela natureza tanto para Frederico Lange de Morretes quanto para João Turin vai além de uma simples busca por inspiração. Havia nos dois artistas um interesse genuíno pelo mundo natural. Suas obras são um reflexo dessa paixão, de tal modo que a curadora de arte Rafaela Tasca define ambos como “artistas-cientistas”, uma vez que o interesse se tornou estudo meticuloso do ambiente e da fauna para então ser refletido nas obras.
“Os dois faziam caminhadas juntos mata adentro para explorar. Tanto essa cena do Turin indo até o passeio público à noite para observar as onças nos momentos em que elas estavam mais alertas como o interesse e a paixão do Lange pelas paisagens mostram um interesse muito grande e muito bonito pelo território”,
diz Rafaela.
Lange de Morretes carrega o título de artista-cientista com muita propriedade, já que seu interesse pela natureza o levou a conciliar as duas carreiras. Ele se especializou em um ramo científico bastante peculiar: tornou-se um importante malacólogo, profissional que estuda moluscos.
Espécies descritas por Lange de Morretes e reunidas no artigo "A contribuição de Frederico Lange de Morretes para a malacologia brasileira", de 2018.
Espécies descritas por Lange de Morretes e reunidas no artigo "A contribuição de Frederico Lange de Morretes para a malacologia brasileira", de 2018.
Segundo um levantamento feito por pesquisadores da área, Lange de Morretes publicou, ao todo, 13 trabalhos científicos na área da malacologia, oito dos quais descreviam 25 novas espécies, incluindo dois novos gêneros e três subgêneros. Publicou ainda o primeiro catálogo de molusco do Brasil.
“Ele transitou com a mesma maestria entre arte e ciência”,
define Marco Baena.
Rafaela Tasca conta que a obra de Lange acaba até mesmo servindo como registro científico da paisagem paranaense da época. “Nós mostramos uma paisagem dele para alguns botânicos e eles ficaram surpresos com a presença de espécies de plantas que não estão mais presentes naqueles locais onde foi feita a pintura, então há ainda esse aspecto de registro histórico da fauna e da flora”.
Os estudos científicos de Lange renderam um convite do Museu Paulista para assumir o departamento de zoologia no início dos anos 1930. O artista, então cientista, mudou-se com a família para São Paulo para assumir o cargo.
Confira a quinta parte da série:

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