Hobby de madeira: marcenaria é alternativa de lazer e relaxamento em meio à rotina

Esquadro, serrote e martelo. Com estas ferramentas em mãos, Marlos Knopki, 58 anos, começa a dar vida, no espaço que mantém em uma edícula nos fundos de casa, a móveis e objetos de madeira. Empresário em horário comercial e marceneiro aos finais de semana e nas horas vagas, ele atribui ao hobby a tarefa de “expurgar” o peso e as dificuldades que surgem naturalmente com a rotina. “Nos anos 1970 eu tinha aulas de artes industriais e aprendi a manipular madeira, além dos conceitos básicos de mecânica e marcenaria. Aos 25 anos comecei a entalhar madeira por conta própria e, de lá pra cá, passei a confeccionar coisas que precisava em casa”, diz.

Depois do falecimento do pai, há pouco mais de dois anos, ele levou para casa grande parte do arsenal ferramenteiro herdado. O hobby mantido por Knopki tem ainda um caráter sustentável. “Tenho uma ligação muito grande com materiais desperdiçados, então estou sempre aproveitando coisas que encontro jogadas por aí”, explica. O resultado? Peças artísticas, únicas e pitorescas, segundo ele mesmo. “Mais do que isso, a marcenaria tem para mim um significado profundo de vinculação com antepassados, que eram exímios artistas. Também é uma maneira de me reconectar a saberes e práticas milenares, ao mesmo tempo em que mantenho uma rotina de interação com a minha própria família”, observa.

Já a história do servidor público Jorge Lamur, 56 anos, remonta a 1986. “Me lembro que a economia nacional vivia um período conturbado. À época eu era bancário e tinha metade do tempo disponível, então arrendei uma fábrica de móveis, que funcionou até 1990. Mesmo com o fechamento, segui aprendendo sobre marcenaria com o passar dos anos e trago isso até hoje”, conta. Em um cantinho da garagem de casa ele mantém as máquinas e ferramentas essenciais para a profissão, que combina a virtudes como calma, persistência e boa capacidade de visualização mental.

Da mini oficina já saíram os armários da cozinha e dos três quartos da casa onde vive, balcões, bancadas, estantes, artigos decorativos, projetos personalizados e tudo mais que envolver madeira, sempre aos sábados, feriados e férias. “Trata-se de uma atividade que exige muita concentração, atenção e cuidado. É também uma maneira de ter alguma leveza frente aos problemas do dia a dia, além de um passatempo que me faz economizar dinheiro e me dá muita satisfação pessoal”, diz, orgulhoso.

Conservar a mente ativa com o passar dos anos é um desafio que todos nós deveremos enfrentar um dia. Segundo o geriatra Clovis Cechinel, do Laboratório Frischmann Aisengart, manter um hobby é essencial. “A mente fica ocupada com algo útil, prazeroso e pode ser o segredo para preservar a vitalidade durante o envelhecimento”, diz. O convívio familiar e com amigos, a prática de exercícios físicos e a manutenção de bons hábitos alimentares e planos futuros também são condutas que mantêm a mente jovem mesmo com o inexorável surgimento dos cabelos brancos, e ajudam a refutar a ideia de que velhice é sinônimo de monotonia.

Faça você mesmo, aprenda, transforme e crie. Este é o objetivo do canal do YouTube Oficina de casa, que busca ajudar os seguidores a descobrir seus talentos e despertar suas vontades. Os vídeos semanais mostram como pode ser simples resolver várias coisas do dia a dia, com diferentes técnicas e muita marcenaria. O canal tem mais de 225 mil inscritos. Acesse: www.youtube.com/user/OficinaDeCasaComBr.

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