Esmaltes magnéticos e a polêmica se fazem mal para a saúde

Os esmaltes magnéticos são sucesso faz tempo no exterior e, por aqui, começaram a ser fabricados em 2012. Porém, viraram polêmica após o lançamento de uma coleção assinada pela atriz Bruna Marquezine para a Ludurana. Ele cria o efeito degradê pela aproximação da tampa com um imã, e os produtos causaram desconfiança depois que uma nutricionista carioca relatou nas redes sociais que o esmalte teria deixado suas unhas “destruídas, quebradiças e manchadas”.

Após a postagem, outras pessoas reclamaram e começou a especulação de que a fórmula do produto continha chumbo. Segundo o portal do consumidor, 61 queixas relativas ao assunto foram registradas no Reclame Aqui, 31 delas feitas nos últimos seis meses. Confira as respostas das marcas sobre o assunto, como usar os esmaltes magnéticos e impressões de quem já usou:

A Futurama Indústria e Comércio Ltda, detentora da Ludurana, nega a existência de chumbo na fórmula, inclusive enviando uma análise feita pelo laboratório Bioma Ambiental que reforça a ausência do elemento nocivo à saúde. A empresa também afirma que o produto é autorizado pela Anvisa, e como todos os outros esmaltes que fabrica, é 3 Free, ou seja, livre de Tolueno, Formaldeido e DBP (Dibutilfitalato). De fato a Anvisa autorizou o produto, porém na embalagem consta que gestantes ou pessoas com algum tipo de dermatite devem evitar o uso.

A assessoria de imprensa da Hits Speciallità diz que o efeito da sua linha Magnético é mais abrangente que o da Ludurana e não promete somente o efeito degradê, mas outros desenho também. Eles ainda reforçaram que todos os esmaltes da marca são 4 Free (livres de Tolueno, Formaldeido, DBP e ainda a Cânfora).

Em contato com a Mundial Impala, a empresa revelou que a Coleção Ilusionista de magnéticos era uma edição limitada e não está mais à venda, esclarecendo que “as tonalidades dos esmaltes desta coleção foram formuladas com diversos ingredientes, entre eles o pó de ferro (Iron Powder) mencionado em suas rotulagens. Ainda segundo a assessoria da marca, todos os ingredientes estão em conformidade com as exigências vigentes, no âmbito nacional e internacional. Os esmaltes da Impala também são 3 Free desde 2013.

O Viver Bem entrou em contato também com outras marcas. Colorama, ARTDECO, NARS, Sinful Colors, Revlon, Sally Hansen, Kiss New York e Panvel não têm modelos com o efeito, e a Avon também não comercializa o esmalte magnético no Brasil. A Nasha Cosméticos, responsável pela marca Elke, não respondeu até o fechamento desta matéria.

Para o efeito prometido estes produtos têm na fórmula partículas magnéticas que aproximadas de um ímã, formam diferentes texturas. O segredo está em aplicar o esmalte e, antes de secar, aproximar o imã – que costuma vir na tampa ou em chapa magnética – da unha por poucos segundos. Pronto, o efeito é criado.

De acordo com Vivian Saddock, a manicure mais antiga do Pietra Nail Bar, o esmalte da Ludurana está atualmente na cartela de opções do estabelecimento, mas não é mais tão requisitado. “Por ser cintilante, não é toda cliente que gosta. Não chegou a ser uma febre, foi moda uns dois anos atrás e, de lá para cá, a qualidade dos produtos lançados no mercado foram melhorando. Eles estão mais fáceis de aplicar e até o momento quem usou, achou excelente”, descreve. No momento o local não usa mais esmaltes magnéticos importados.

Para a dermatologista do Paraná Clínicas, Cristhiane Likes Mischiatti Fontoura, “como qualquer esmalte, o magnético pode ocasionar dermatite de contato. Este esmalte especificamente é 3Free, livre de reagentes com alto potencial alergênico, mas algumas pessoas podem ser sensíveis a outras substâncias presentes nele”, afirma. Ou seja, pessoas muito alérgicas devem procurar um dermatologista para realizar o teste de contato que pode diagnosticar alergia a produtos contidos em esmaltes.

Foi o que aconteceu com a psicóloga Izabela Neves Freitas, que adora esmaltes. Ela descobriu que é alérgica oito anos atrás, e pesquisou até encontrar marcas hipoalergênicas para não precisar abrir mão da vaidade. “Lembro que na época cheguei a chorar, pois o dermatologista me pediu para não usar mais esmalte. Os sintomas eram descamação e coceira insuportável no pescoço e olho, que chegava a inchar”, conta.

A dermatologista explica que “como a unha não é vascularizada, locais da pele tocadas pelo esmalte poderiam sofrer reações alérgicas, como a face (pálpebras, principalmente). A região ao redor da unha também pode sofrer processo alérgico. Essas alergias se caracterizam, na maioria das vezes, por vermelhidão, ressecamento ou até mesmo inchaço desses locais”. Sempre atenta às novidades e sem repetir a cor na próxima semana, Izabela não precisou deixar de pintar as unhas hoje tem várias opções de marca para escolher. Ela não resistiu aos magnéticos e usou por duas semanas seguidas os produtos sem nenhum sinal da alergia. Apesar disso, a psicóloga tem duas filhas (sete e 14 anos) e não deixa elas usarem cores fortes.

“O principal cuidado a se tomar ao fazer as unhas é observar os materiais usados pela manicure, ou seja, eles precisam estar esterilizados corretamente, o que reduz o risco de contaminação de HIV, vírus da hepatite entre outras doenças”, garante Cristhiane. O ideal é usar seu próprio esmalte e não compartilhar. “Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto comprovou a presença de fungos em 20% dos esmaltes pesquisados. Esses fungos causam a temível micose. Por isso, o ideal é ter e usar o seu próprio esmalte”, finaliza.

– A agente de viagens Ana Paula Lacerda Garcia também é do time que aprovou. “Usei (o esmalte) da Bruna Marquezine várias vezes. Gostei, ficou lindo e não achei que essa polêmica toda tenha fundamento. Claro que foi minha podóloga que aplicou e não fico mais de uma semana com o esmalte”, comenta.

Ao contrário dela, a empresária Cristiane Rodrigues usou e não gostou. ”Manchou toda a unha”, afirmou categórica.

No dia em que conversamos com Andressa Rubinho, corretora de imóveis, ela tinha passado um esmalte da linha Hits, porém não teve o efeito que ela esperava. “Esse parecia não ser tão forte quanto o da Bruna Marquezine, pois ele não dá um efeito muito forte, então acho que não deve agredir muito a unha. Até fiquei com receio (de passar), mas achei que o da marca Hits não ia agredir tanto quanto o da Bruna”, conta ela.