Comportamento

Camila Petry Feiler, especial para a Gazeta do Povo

Estilista curitibano é selecionado para Casa de Criadores

Camila Petry Feiler, especial para a Gazeta do Povo
14/04/2017 14:00
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Diego Malicheski: "Acontecimentos políticos e econômicos interferem na moda". Foto: Debora Spanhol Ivankio / Divulgação

A Casa de Criadores, principal vitrine da criação da moda brasileira, acontece em abril e Diego Malicheski, estilista e designer curitibano, está entre os selecionados. Ele transformou seu TCC em sucesso comercial e, em entrevista ao Viver Bem, comentou que  “a Casa dos Criadores foi realmente um fenômeno” na sua formação.
E para essa edição de 20 anos do evento, o que o ajudou na hora da candidatura foi o briefing muito mais aberto e toda a inscrição de forma digital. Isso faz parte da democratização de um projeto que começou na cena underground de São Paulo, em 1997, e hoje abraça os novos estilistas de todo canto do país, colocando-os em contato com o mercado da moda. Com isso, as inscrições para a Casa de Criadores saltaram de 60 para 200 nesta edição.
Diego, que passou a infância aos pés da máquina de costura das avós e inventando figurinos para seus personagens imaginários, prestou três vestibulares para Moda, ao longo do curso de Design Gráfico, mas recebeu um “puxão de orelha” do pai, que o orientou a terminar um curso antes de fazer outro.
Agora ele pretende alçar voos cada vez mais altos com sua marca autoral, Rocio Canvas. Confira a entrevista exclusiva do estilista ao Viver Bem.
Quando começou sua história com a moda?
Minha história começou na faculdade de Design Gráfico, em 2009. Eu sempre fui simpatizante da moda e arte, mas nunca tinha me dedicado a tal atividade, e na faculdade conheci estilos e referências que me inspiraram a ir mais a fundo. A faculdade incentivava os alunos de Design a produzir suas criações e a expor em um evento chamado “design bazar”. Logo no primeiro ano eu resolvi participar com camisetas brancas com quatro estampas pretas diferentes, era o que eu sabia fazer tecnicamente e o que permitia meu repertório.
Desde então lancei mais algumas coleções de camisetas e tive um feedback bem positivo de amigos e conhecidos. O Design Gráfico foi uma escolha para criar um “Diego gráfico”, que poderia materializar visualmente as ideias. Eu não desenho bem à mão, mas no computador encontrei formas de representar com colagens, recortes e composições.
Em 2013, quando me formei, já engatei Design de Moda, no Senai PR, e aí comecei minha realização. Busquei absorver o máximo de modelagem e costura (não é meu forte, mas é super útil). Comecei a trabalhar na área logo no primeiro período, e nelas descobri que seria muito importante conhecer e entender os acabamentos de uma roupa, e então a costura fez muito sentido.
O Design Gráfico foi a porta de entrada para estas marcas, pois com ele consegui mostrar de forma visual o meu gosto, minha pesquisa, e tudo o que englobava design e moda. Trabalho na área desde então focado na área de estilo, e no fim do ano passado percebi o quanto seria importante arriscar minha jornada em algo meu e continuar atendendo clientes pontuais.
Como foi o processo de inscrição para a Casa de Criadores? E o que você acha da iniciativa?
Foi tudo muito rápido, pois uma semana antes do prazo expirar, me deu um estalo e comecei a criar meu look que seria fotografado. Engatei um tema para ser fio condutor, defini materiais, desenhei tudo e costurei minha peça. Foi tudo assim, nas madrugadas de segunda a sexta.
E a Casa de Criadores é sem dúvidas uma das ações mais estimulantes para nós, novos designers, pois podemos expor nosso trabalho, ser avaliados, e colocados à prova na passarela. Era o gás que meu balão precisava para estourar.
Coleção foi. Foto: divulgação
Coleção foi. Foto: divulgação
Qual a história da Rocio Canvas? Como funcionou a escolha do nome?
Rocio é o segundo nome da minha mãe e Canvas, do inglês, significa “tela”. O universo de criação surgiu num ambiente artsy, onde eu busquei mixar minhas referências de diversas áreas em roupas que exploram a modelagem (amor de faculdade) e experimentação, gerando coleções que buscam a atemporalidade.
A homenagem à minha mãe veio como resposta para representar todos estes traços em minhas “telas em branco”. Minha primeira coleção debutou na faculdade, no meu trabalho de conclusão de curso, e é a minha menina dos olhos até hoje. Tive a oportunidade única de me tornar “afilhado” do NovoLouvre, onde eu trabalhei em 2014 e fui muito bem orientado por minha coordenadora, Mariah Salomão. A marca fez uma ação pop up de 6 meses no shopping Pátio Batel e este foi o termômetro ideal para sentir que a R.C. deveria se jogar.
Desde então venho desenvolvendo coleções cápsulas, e agora iremos lançar a coleção V18 na Casa de Criadores.
E por que você escolheu a coleção V18 Instante Estante? Qual a inspiração dela?
A coleção Instante Estante fala muito sobre minha vida e meu momento atual de criação. Busquei emoções como força e ser instante, que traduziam meu momento de virada. Forma e estrutura são as principais características do estilo R.C. Tentamos explorar experiências visuais em nossas peças, imagens e discurso. Camadas, recortes e acabamentos para vestir algo sem ocasião definida, pessoas que buscam atemporalidade e vanguarda.
Como você vê a moda no Brasil hoje? Quais as perspectivas? 
Acredito que todos os acontecimentos políticos e econômicos interferem nos macrotemas da moda. Sendo assim, acredito que o momento de reviravolta é agora, está tudo indo para um caminho diferente, invertido, e por isso acredito que devemos pensar assim a cada momento. Ser instante!
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