10 motivos para quem curte moda assistir Zoolander 2

O filme Zoolander 2 chegou aos cinemas na última quinta-feira (03). O enredo é uma grande crítica cômica sobre o mundo da moda, um escracho, bem como o seu antecessor de 2002. Nele, Ben Stiller aparece como modelo Derek e Owen Wilson engraçado como o também modelo Hansel.

O enredo é simples: Zoolander retorna depois de anos afastado das passarelas. E enquanto ele tenta se encontrar como pessoa, é forçado a trabalhar para uma marca de moda em uma missão secreta junto de Valentina Valencia (Penélope Cruz) e seu ex-rival, Hansel, a fim de recuperar o filho do protagonista, afastado desde o fim do primeiro filme.

Enquanto a crítica cinematográfica fala mal do longa, os pontos que mais valem o ingresso são outros: o mundo da moda – bem como a sua participação digna de Semana de Moda de estilistas como Valentino e Marc Jacobs. Abaixo, listamos 10 motivos para todo fashionista se jogar na pipoca e curtir a trama.

Nas últimas temporadas, grandes marcas têm proposto o fim da diferenciação de gêneros. A italiana Gucci, inclusive, vai além na discussão com coleções para homens que mostram referências claras ao guarda-roupa das mulheres. No começo da semana, a famosa rede de fast-fashion Zara lançou uma coleção unissex pensando na tendência. No longa, o ator Benedict Cumberbatch vive a personagem Tudo e é o principal destaque de um dos desfiles.

A questão da validade do que é moda e o que é tendência também é colocada em discussão, assim como a carreira curta da maioria das modelos. Depois de uma década longe das passarelas Derek e Hansel são chamados para o que eles esperam ser um retorno triunfal. Na verdade, são motivos de chacota: os personagens são colocados em caixões e, quando saem, usam os dizeres: “OLD” (velho) e “LAME” (fracassado).

Em 2015 entrevistamos o estilista Tommy Hilfiger. Um dos combinados era que não tratássemos com ele sobre uma polêmica: o mesmo teria dito que não produziria roupas sabendo que elas seriam usadas por negros, judeus ou latinos. No decorrer do filme, Tommy é intimado a permanecer quieto e criar para o seu público “White trash” (lixo branco). E ele ri.

A cultura hipster é ironizada com o papel de Don Atari, estilista à frente das coleções da House of Atoz. O nome faz referência ao videogame que reinou nos anos 1980 e continua popular entre os descolados, cria suas coleções no Palazzio D’Cagga, prédio biodegradável que mistura clube noturno, hotel e ateliê. E como se não bastasse a piada, o estilista ainda tem Bob Esponja como uma de suas inspirações (referência à coleção de inverno 2014 da Moschino assinada por Jeremy Scott). E TEM BEM MAIS COISA – mas vamos parar com o spoiler por aqui.

No ano passado, muita gente ficou sem entender nada com a “aparição” dos personagens Derek e Hansel no fim do desfile de outono-inverno 2015/16 da Valentino. Agora está tudo explicado! As cenas já faziam parte da gravação do longa. O escritório da agente Valentina Valencia também foi montado embaixo de uma flagship da marca. A arquitetura é a mesma da loja da marca no Pátio Batel.

Você se lembra daquelas campanhas publicitárias sensuais e sem sentido dos anos 1990? Naomi Campbell estrela um falso anuncio de perfume, o “Acqua Vitae” em que ela ordenha Derek, que é um centauro, é claro. Impossível não rir. Além de Naomi, o time de supermodelos que estrela o filme não é pequeno. Mas sentimos falta de Gisele, só para constar.

Quais os maiores crimes da moda? Produzir peças horríveis que depois você vai se arrepender por ter usado quando foi tendência. E, sim, no longa aparece a “Prisão da Moda”. Local em que os estilistas responsáveis por criações como ombreiras e calça saruel estão passando os últimos anos. Sensacional, né?

Clichê dos clichês discutidos na produção, os padrões da moda são questionados pelo nível de perfeição exigido nas passarelas – Hansel, por exemplo, começa o filme como um modelo desmotivado por conta de uma (ínfima) cicatriz escondida atrás de uma máscara. Já a musa Penélope Cruz rouba a cena como uma agente frustrada por ter seu sonho de carreira nas passarelas interropido pelos seios grandes – medida que permitiu apenas trabalhos como garota-propaganda de moda praia. E nem Derek Zoolander escapa da questão quando se depara com seu filho obeso depois de anos: o mesmo se torna um modelo plus size e salvador da pátria.

O diretor do SPFW Paulo Borges revelou na última sexta-feira (04) que o evento é mais um dos que entra no sistema “see now, buy now” (“veja agora e pague agora”) que a moda tanto fala nessa temporada. A mudança é motivada pela necessidade do imediatismo e um resultado do mundo pop e altamente conectado. Em Zoolander 2, a começar por Justin Bieber – o cantor faz uma participação e termina sua performance com uma selfie assinada por um dos olhares típicos de Derek Zoolander, tudo é conectado e transmitido. O desfecho surge como solução apropriada para o momento da moda mundial, que se torna cada vez mais instantânea e imediata com a ajuda da internet.

Já pensou um departamento policial dedicado exclusivamente a crimes da moda como plágio (ô assuntinho recorrente no ramo, né?), exposição extrema ou coleções feias? No mundo das telonas ela já existe e faz uma referência a expressão “fashion police” ligada à pessoas que ficam reparando na roupa do outro.

Anna Wintour, Marc Jacobs e Alexander Wang são alguns dos que participam da produção em um evento que faz alusão ao famoso Baile do MET, promovido ano após ano pela Vogue americana. Mas a representação mais clara deste mundo se mantém com Mugatu (Will Ferrell), estilista grosseiro e excêntrico que não dispensa as polêmicas botas Tabi da Mison Margiela em cenas que satirizam a imagem decadente de editores e designers com fama de maus. No mais, o figurino de todo o longa todo é muito bem pensado.