Saúde e Bem-Estar

Redação com Folhapress

O que significa a demora na cirurgia do presidente Bolsonaro: sete horas de duração

Redação com Folhapress
28/01/2019 16:35
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Bolsonaro passou por cirurgia de reversão da bolsa de colostomia e procedimento durou várias horas (Foto: Alan Santos / Divulgação | PR

O presidente Jair Bolsonaro foi submetido a cirurgia de reversão da bolsa de colostomia, que estava usando desde setembro do ano passado, na manhã desta segunda-feira (28) no hospital Albert Einstein, em São Paulo. A Secretaria de Comunicação havia avisado que o procedimento teria início às 6h30 – a da Presidência, às 07h04.
Embora a estimativa de duração era de, pelo menos, três horas, o procedimento levou mais de sete horas, finalizando próximo das 15h30. De acordo com informações divulgadas pela assessoria de imprensa, mais dados sobre a cirurgia será repassada em uma coletiva aos veículos de imprensa às 17h. A partir de agora, Bolsonaro ficará 48 horas em observação médica.
Quando a cirurgia completava seis horas, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse à Folhapress que o procedimento ocorre bem e a demora se deve a um atraso no início. Já o filho de Bolsonaro, Eduardo, respondeu via Twitter ao questionamento do horário de um cidadão: “Está tudo indo bem. Após a cirurgia ele ainda fica um tempo em observação antes de retornar ao quarto”.
Está tudo indo bem. Após a cirurgia ele ainda fica um tempo em observação antes de retornar ao quarto. Obrigado pela preocupação Smith 😊👍🙏 https://t.co/1tZwOI0EV2
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) 28 de janeiro de 2019
Esta é a terceira vez que Bolsonaro é operado desde que foi alvo de uma facada durante um ato de campanha, em Juiz de Fora (MG).

Demora no procedimento: o que significa?

O tempo que um procedimento cirúrgico demora a terminar varia conforme uma série de fatores, e nem sempre significa algo negativo. No caso da cirurgia de reversão da bolsa de colostomia, a quantidade de aderências que o intestino apresentar pode levar os médicos e cirurgiões a usarem mais tempo para finalizar o procedimento. Aderências acontecem quando as alças intestinais estão grudadas entre si, ou na parede abdominal.
Existem duas formas de fazer a ligação de uma ponta a outra do intestino, que no caso de Bolsonaro estava desconectada devido à facada ocorrida em setembro, quando recebeu a bolsa de colostomia para que a função normal do órgão fosse mantida:

Ou os médicos anexam as duas partes à parede do abdome (caso comum em pacientes cuja colostomia foi programada, como em pacientes oncológicos), ou uma das partes, a mais próxima ao reto, permaneceria dentro da cavidade abdominal, suturada (caso mais comum quando a bolsa é colocada de forma emergencial, como foi com o então candidato à Presidência). 

Com relação às complicações, a principal — e a mais temida — é com relação às fístulas. Em entrevista à Gazeta do Povo na última semana, o cirurgião oncológico Marciano Anghinoni, explicou que as fístulas surgem quando a emenda ou os pontos no intestino não cicatrizam adequadamente, levando ao extravasamento do material fecal na cavidade do abdome.
As fístulas tendem a surgir com mais frequência em pacientes com alguns fatores de risco, como os obesos, diabéticos, idosos, imunossuprimidos, desnutridos. “O Bolsonaro está bem nutrido, não é nem obeso, nem diabético, e não está imunossuprimido. O cenário é mais favorável para a cirurgia. Embora não seja uma cirurgia simples, o tempo que se esperou para a reversão foi necessário, saudável e ideal.”, reforça o cirurgião, que também é chefe do serviço de Cirurgia Oncológica do Aparelho Digestivo do hospital São Vicente, em Curitiba.

Recuperação de Bolsonaro

Depois do procedimento de segunda-feira, Bolsonaro terá de mudar a alimentação, a fim de auxiliar o intestino a recuperar a função normal. Nos primeiros dias, jejum e, então, alimentos líquidos, pastosos e, depois de alguns dias, sólidos.
“Essa evolução depende de como o paciente se comporta no pós-operatório. Depende de quanto tempo o intestino levará para funcionar, e isso é relativo. Para alguns, leva dois dias, mas às vezes, se o médico perceber que há muitas aderências no órgão, o paciente poderá ficar em jejum por um período mais longo, quando se alimentará por nutrição parenteral”, explica Marciano Anghinoni, cirurgião oncológico, em entrevista na última semana.

Não será necessário o uso de laxantes ou outros medicamentos para favorecer o intestino.

“O paciente pode ter quadros de diarreia nos primeiros dias por causa de uma readaptação da parte do intestino que não recebia mais as fezes. Na religação, a área atrofiada do intestino voltará a trabalhar e absorver os nutrientes, e o paciente pode sentir um pouco de cólica e diarreia. Medicamentos antibióticos e estimuladores da função intestinal ajudam, mas o processo do intestino acontece naturalmente”, reforça Anghinoni.
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