Saúde e Bem-Estar

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo

Maior causa de morte em UTIs surge no próprio hospital

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
23/02/2018 07:00
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Sepse mata cerca de 240 mil pessoas por ano no Brasil. Foto: Bigstock

Uma simples infecção que evolui e pode matar: essa é a sepse, uma doença com mortalidade superior ao enfarte agudo do miocárdio e ao acidente vascular cerebral. No Brasil, segundo o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), são registrados, aproximadamente, 600 mil novos casos de sepse a cada ano e   240 mil mortes.
É uma das principais causas de morte em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), sendo considerada um problema de saúde pública e também um grave desafio para as especialidades médicas.
No mundo todo, em regiões menos favorecidas, o diagnóstico tardio e a carência de leitos de terapia intensiva fazem com que a mortalidade por sepse ultrapasse os 50%.
O organismo humano está em alerta e luta constantemente contra agentes externos que podem prejudicá-lo, como bactérias, vírus e fungos, por exemplo. Toda agressão ao corpo provoca uma reação de defesa que, na maioria das vezes, limita-se ao combate desses agentes. Porém, em algumas situações, essa luta pode gerar danos secundários à saúde. Em resposta a uma simples infecção, o organismo faz uso de mecanismos de defesa que também o prejudicam. Ou seja: o corpo reage mal ao seu próprio processo de defesa e resposta imunológica.

Órgãos comprometidos

Quando isso acontece, trata-se de um quadro de resposta inflamatória exacerbada secundária à infecção, o que compromete a função de pelo menos um órgão, que dá-se o nome de sepse, e, em casos mais avançados, choque séptico (popularmente conhecido como infecção generalizada).
Ao contrário do imaginário popular, não é a infecção que está em todos os locais do organismo: por vezes, ela estará presente em apenas um órgão, mas compromete o funcionamento geral do corpo.
O sistema circulatório de um paciente com sepse é incapaz de fornecer fluxo sanguíneo adequado para tecidos e órgãos vitais por causa da resposta inflamatória sistêmica, que resulta na incapacidade de manter a pressão arterial. Por isso a condição, quando não tratada, pode levar a óbito por falência múltipla dos órgãos.

Mais atingidos

A sepse acomete, mais frequentemente, pacientes já fragilizados e hospitalizados, de bebês prematuros a idosos. Porém, qualquer pessoa pode ter a doença.
Segundo o ILAS, o aumento da população idosa, de pacientes imunossuprimidos e o crescimento da resistência bacteriana são algumas explicações para as infecções graves. 
As manifestações clínicas da sepse incluem sinais de disfunção orgânica dos órgãos afetados, distúrbios cardiovasculares, respiratórios, neurológicos, renais, hematológicos, intestinais e endócrinos, cada um com seus eventos e particularidades.

O que pode se tornar sepse?

Qualquer infecção, leve ou grave, pode se tornar sepse. As mais comuns são a pneumonia, infecções na barriga e urinárias (muito comuns entre as mulheres). Por isso, quanto menor o tempo com infecção, menor a chance de surgimento da doença. Para tal, o tratamento rápido das infecções é uma estratégia que deve ser adotada.
Embora não existam sintomas específicos, todas as pessoas que estão passando por uma infecção e apresentam febre, aceleração do coração (taquicardia), respiração mais rápida, fraqueza intensa, tonturas e pelo menos um dos sinais de gravidade, como pressão baixa, diminuição da quantidade de urina, falta de ar, sonolência excessiva ou confusão (principalmente idosos) devem procurar imediatamente um serviço de emergência.
Uma vez diagnosticada a sepse ou o choque séptico, condutas que visam à estabilização do paciente e da cascata inflamatória são prioritárias e devem ser tomadas imediatamente. Na sepse, as diretrizes para tratamento são bem estabelecidas e há esforços e campanhas contínuas de diferentes entidades mundo para combater a doença.
Fontes: Hipolito Carraro Junior, médico intensivista e coordenador da UTI Geral do Hospital Santa Cruz; Sociedade Beneficente Israelita Brasileira – Albert Einstein; Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS). 
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