O que acontece quando você para de fumar

Mesmo com todos os esforços da saúde pública voltados para a diminuição no número de fumantes no país, ainda tem gente que não está convencida sobre a importância que eliminar o hábito do tabagismo da própria rotina pode ter de positivo para a vida. Para quem nunca fumou, parece uma mudança fácil. Os fumantes acreditam que só conseguirão parar se reconstruírem totalmente a vida e, apenas por ficar imaginando o quanto será um processo difícil, ficam adiando a decisão.

O tabagismo é responsável por mais de 140 mil mortes por ano no Brasil e, segundo a Organização Mundial de Saúde, é considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo. Além de levar a óbito, provoca doenças graves e com altos índices de mortalidade como enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, e diversos tipos de câncer, sendo que mais de 90% deles estão relacionados às vias respiratórias e outros tantos ao sistema digestivo. Para o oncologista do Hospital Marcelino Champagnat, Roger Akira Shiomi, o risco de desenvolver câncer de pulmão, por exemplo, é cumulativo e não se extingue mesmo cessando o hábito. “Ocorre uma redução do risco em uma magnitude que varia de 20-90%, especialmente a partir dos cinco anos de abstinência”, explica o médico. “O mais importante, nesses casos é prevenir a doença evitando o tabagismo”, completa.

Se você é uma dessas pessoas que está querendo parar de fumar, saiba que existem duas formas. Uma delas é a parada imediata – em que cessa totalmente de uma hora para outra – e que, para os especialistas, deve ser sempre a primeira opção. Foi esse o caso da assistente financeira de 52 anos, Josiane Moraes Vogt, que começou a fumar por brincadeira aos 20 anos e se viu obrigada a parar de fumar para fazer um procedimento cirúrgico. “Fiz avaliação para uma plástica e a médica deixou bem claro que se eu não parasse de fumar, ela não operaria. Foi então que decidi deixar o cigarro de lado definitivamente”. Não foi uma má ideia. Hoje, Josiane se sente mais disposta e está querendo se matricular na aula de dança. “No começo foi difícil, mas era por uma boa causa. Depois dos primeiros dias, a vontade passou”, conta.

Outro método é a parada gradual – em que se reduz aos poucos o número de cigarros fumados por dia. A também assistente financeira de 53 anos, Denise Bernardo, passou por essa experiência. Após duas tentativas mal sucedidas, há um ano e três meses ela deixou o tabagismo para trás, depois de fumar durante 34 anos. No caso de Denise, foram seis meses diminuindo o número de cigarros gradativamente até a parada total. “Quando minha mãe foi internada por problemas de saúde, aproveitei para diminuir o cigarro, pois tinha vergonha de sair na rua para fumar”, relata. Foi com a morte da mãe que ela parou totalmente. “No começo foi complicado, mas depois de uns dias eu voltei a sentir o sabor da comida”. Denise comentou também que uma das razões que a ajudou bastante nesse processo foi o cheiro ruim que sentia nas pessoas que fumam. “Esse cheiro é horrível. Eu não quero mais ele pra mim”, finalizou.

Os incentivos (e motivos!) para que as pessoas parem de fumar são muitos. É proibido fumar em locais públicos fechados, os impostos cobrados sobre o produto elevam os preços, os medicamentos. Para aqueles que têm tentado parar, o pneumologista e professor da Pontifícia Universidade do Paraná (PUCPR), Paulo Sandoval, recomenda também as práticas que reduzem a ansiedade, como a meditação. “A nicotina atua no cérebro como ansiolítico e, por isso, a ansiedade pode aumentar quando se para de fumar. Em alguns casos, é necessário o uso de medicamentos, mas as práticas que reduzem a ansiedade pode ajudar o paciente”, destaca. O mais importante, no entanto, é a própria pessoa querer lagar o vício. Se ainda não há motivos suficientes para isso, veja a seguir o que acontece com o seu corpo (e sua saúde) quando você decide parar de fumar.