Doente e com problemas financeiros, Efigênia Rolim ganha ajuda da comunidade

Efigênia Rolim é uma personagem ícone de Curitiba. Aos 86 anos, a “rainha do papel” já teve sua obra exposta ao lado de nomes como Arthur Bispo do Rosário, recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura, a mais alta horaria concedida pelo órgão aos artistas brasileiros, foi personagem de livros e de dois documentários – “Rainha do Papel”, dos paranaenses Estevan Silveira e Tiomkim (1999) e “O Filme da Rainha” do argentino Sérgio Mercurio (2006) – e chegou até a ganhar um prêmio em dinheiro como reconhecimento da sua obra. Agora, no entanto, está com problemas financeiros e de saúde e já conta com a organização dos amigos em um bazar que será realizado em Curitiba.

Efigênia recebeu o diagnóstico de um enfisema pulmonar e está tendo dificuldades para manter a casa-atelier em que trabalha, na Vilas Oficinas. O trabalho da artista – que usa essencialmente o lixo como matéria-prima – pode estar comprometido.  Os médicos alertaram Efigênia que ela não pode mais manipular os papéis de bala e doces para o seu trabalho, sob risco de comprometer ainda mais o seu pulmão, funcionando com apenas 50% da capacidade.

Para ajudar no tratamento de Efigênia, a estudante de artes visuais Lisa Storti organizou uma ação beneficente em prol da artista. O evento programado para o o próximo sábado vai reunir gravuras, desenhos, objetos de arte, móbiles, livro e camiseta da Efigênia, com vendas em dinheiro que serão revertidas diretamente para a artista.

Lisa conheceu Efigênia na feira do Largo da Ordem e estuda a artista para seu projeto de conclusão de curso.  “A Efigênia tem a característica percursora de trabalhar com o lixo e ela tem essa coisa de ver o lúdico, o bonito, naquilo que é feio e descartável. Ela tem o poder de ressignificar uma coisa que é lixo em arte. Tudo é possível para ela”, afirma Lisa.

Apesar das condições precárias de saúde, a própria Efigênia disse que vai participar do evento. Ela conta que está se cuidando porque ainda tem muitos projetos para tocar em 2017. Diz estar chateada, no entanto, pelo repouso forçado. O período é quase de reclusão o que, para quem conhece a serelepe artista, é mais do que difícil. Para evitar se expôr a outras doenças,  ela não pode andar de ônibus, nem ir ao hospital, tampouco ficar com muitas pessoas e “nem dar cambalhota”, como brinca.

Mas ela diz que, assim como a videira, que é podada para ter mais vida,  também está sendo podada para melhorar. “Estou vivendo essa dor da experiência da poda”.  De qualquer forma, ela pretende comparecer ao evento de sábado e também à abertura do Salão Paranaense, na próxima quinta-feira (8), no Museu Oscar Niemeyer, onde ela é uma das artistas selecionadas para participar da exposição.

Efigênia Rolim nasceu prematura no interior de Minas Gerais, em 1931. Chegou em Curitiba em 1990, com nove filhos e o marido doente,. Na época, ela reconheceu num papel de bombom laminado a sua salvação e vocação. Começou a transformar refugos em arte e não para de criar. “Eu estou recebendo as pessoas que querem me ajudar e ainda estou criando. É uma coisa incrível, eu não consigo fugir de mim”, afirma Efigênia, ao contar que sua arte faz parte dela. Ela também lembra que não participou de curso nenhum, então tudo que ela faz é com o coração e com a alma. “Então sai coisa muito linda, muito diferente”, conta.

A história dela está contada no Livro “A Viagem de Efigênia Rolim nas Asas do Peixe Voador”, de autoria da jornalista paranaense Dinah Ribas Pinheiro. A obra de 180 páginas, edição do autor, narra a trajetória da artista desde o seu nascimento e apresenta seu atelier no bairro de Vilas Oficinas, na periferia de Curitiba, além de registrar peças de seu acervo.

Data: 10 de junho

Horário: 10h às 16h

Local: Camargo Arte – Rua Itupava, 644, Alto da XV

Mais informações: https://www.facebook.com/events/1342353139206303/