Comportamento
Guilherme Grandi
Devota do santo casamenteiro conta como conheceu o próprio ‘Antônio’ há 35 anos
Além de ajudar no encontro de um novo amor, Santo Antônio também é protetor das famílias. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo. | Gazeta do Povo
Todo o mês de junho é assim: Santo Antônio recebe uma montanha de pedidos de pessoas em busca de um amor que vire namoro ou casamento. A distribuição do bolo com as imagens dele que o diga.
Mas nem todos recorrem a ele apenas nesta época do ano. Tem gente que conseguiu o “felizes para sempre” sem nem precisar fazer as simpatias (como a de colocá-lo de cabeça para baixo), ou de encontrar o santinho no doce. A professora universitária curitibana Maristela Marques de Souza, de 55 anos, é devota do santo desde que se conhece por gente. Tanto que ganhou o seu próprio Antônio — os dois estão juntos há 35 anos.
Coincidências da vida, Maristela conta que a devoção ao santo tão cedo foi “por causa da minha avó italiana, que sempre foi devota também”. Ela lembra que sempre ia com a ‘nonna’ buscar o pão bento na Paróquia do Bom Jesus dos Perdões, no centro de Curitiba, nesta época do ano, e levou o santo como o fiel escudeiro para todas as horas. “Eu não o chamo de santo, o chamo de amigo”, conta.
Um amor na festa junina
E foi bem nesta época do ano, não exatamente no dia de Santo Antônio, que a professora conheceu o seu próprio Antônio. O geógrafo – que hoje tem 54 anos – estava na mesma festa junina que ela.
Outra coincidência de vida: “naquela época as pessoas já colocavam o santo no bolo e existia a tradição das simpatias na virada do dia 12 para 13, mas eu nunca fiz. Só pedia que encontrasse uma pessoa legal, boa, com as características que eu sempre sonhei”. E não é que o danado do Santo ouviu os pedidos dela?
Onze meses de namoro depois, Maristela e Antônio casaram. “Foi bem rápido, estava tudo certo”, conta. E vai além ara explicar a graça do santo: “todas as coisas que eu faço e peço em relação a minha família, filhos, eu peço a benção dele. Todas as manhãs eu reverencio a ele, à imagem que está na entrada da porta do meu quarto”.
E o motivo principal desses pedidos direcionados para Santo Antônio é de que ele não é apenas o padroeiro do amor e do casamento. É o santo da família. Tanto que Maristela credita a ele a vida do terceiro filho, Maurício. “Meu último filho nasceu no dia 12 de junho, e foi batizado na Igreja de Santo Antônio por uma promessa que eu fiz, porque ele nasceu prematuro [7 meses] com várias complicações de saúde”, explica ao relatar que seguiria a promessa caso os médicos conseguissem salvar a vida dele. Hoje Maurício tem 26 anos e também é devoto do santo.
Tradição de família
Com tantas graças atendidas, Maristela adotou para o resto da vida um hábito que a avó materna de Antônio seguia. Se vestir com roupas de cor marrom todas às terças: “quando ela morreu, há 22 anos, ela não queria dar a imagem para ninguém, apenas para mim. Mas, desde que eu fizesse esse ritual, porque terça é consagrado o dia de Santo Antônio”.
Há três anos ela realizou o sonho de ir na Basílica de Santo Antônio, na cidade italiana de Padova. “Fui eu e a Thais [filha], foi muito bonito, muito emocionante, um dos encontros espirituais mais importantes que eu tive na minha vida”, lembra ela dizendo que chorou bastante na ocasião.
Passados mais de 50 anos de devoção, dá para dizer que vale a pena acreditar no Santo Antônio todos os dias do ano, e não apenas no mês de junho. Em todo o caso, as fatias de bolo do santo casamenteiro são distribuídas até o dia 13 de junho nas paróquias do Senhor Bom Jesus dos Perdões (Centro), Imaculada Conceição (Guabirotuba), Santo Antônio de Orleans (Orleans), entre outras. Clique aqui e veja todos os locais e endereços de distribuição do bolo em Curitiba.
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