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Quem é a “Mulher Maravilha” do acidente que matou jornalista Ricardo Boechat

Redação
14/02/2019 12:01
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A imagem produzida pelo ilustrador Angelo France comoveu as redes sociais. Foto: Reprodução/Redes sociais e Divulgação/Angelo France

A vendedora Leiliane Rafael da Silva, de 28 anos, ajudou o motorista João Adroaldo Tomanckeves, de 52 anos, a sair do caminhão atingido pelo helicóptero que levava o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci, na Rodovia Anhanguera, em São Paulo, na última segunda-feira (11). A cena foi transformada em uma ilustração de histórias em quadrinhos fazendo referência à personagem Mulher Maravilha e viralizou, tornando história da moradora de São Paulo conhecida em todo o país.
Na manhã do dia do acidente, a jovem – que vive em Pirituba, na Zona Norte de São Paulo, e  tem três filhos – seguia de moto com o marido pela Rodovia Anhanguera, quando viu a colisão e decidiu ajudar as vítimas. Não foi possível se aproximar da aeronave devido ao risco iminente de explosão, mas ela prestou atendimento ao condutor da carreta, que estava com dificuldades para sair da cabine e sofreu ferimentos leves.
A ação foi filmada por vários homens que estavam próximos ao local e chegou até o ilustrador Angelo France, de 40 anos. Acostumado a fazer desenhos de personagens de histórias em quadrinhos (HQ) e comovido pela imagem que havia rodado o Brasil no dia anterior, ele desenhou a cena na última terça-feira (12) e publicou em suas redes sociais. “Heróis reais existem!”, escreveu na postagem.
Na descrição da imagem, ele ainda explicou que a mulher havia assistido de perto a queda do helicóptero no dia anterior, descido da moto em que estava e corrido para salvar a vida do motorista do caminhão atingido no acidente.

“Uma mulher forte, de coragem, que arriscava sua vida enquanto os homens à sua volta apenas se importavam em filmar ao invés de ajudar”, relatou em seus perfis no Facebook e Instagran.

O desenho teve mais de 40 mil curtidas, quase 2 mil compartilhamentos e comoveu os usuários das redes sociais porque Leiliane não poderia fazer força ou passar por momentos de stress como aquele. Em entrevista ao G1, a mulher informou que tem Malformação Arteriovenosa (MAV), doença rara provocada por defeitos no sistema circulatório.
A anormalidade atinge principalmente o cérebro e causa dor de cabeça crônica, tontura, convulsões, hemorragia, perda da coordenação motora e até perda de memória. No entanto, ela foi contatada por um especialista  esta semana e deve realizar a cirurgia para correção do problema, em breve. “Fui procurada por um médico neurocirurgião que se ofereceu para fazer o meu tratamento e até a minha cirurgia. Ele disse que eu só precisaria encontrar um hospital para isso. Passei por consulta com ele nesta quarta-feira (13)”, disse a vendedora ao G1.

O acidente

A colisão foi registrada na altura do quilômetro 7 do Rodoanel, sentido Castelo Branco, próximo a um pedágio de São Paulo por volta das 12h da última segunda-feira (11). Em entrevista concedida a jornalistas no local do acidente, o capitão Augusto Paiva, da Polícia Militar (PM), relatou que o helicóptero tentou fazer um pouso de emergência. “Na descida, ele se chocou com um caminhão que tinha acabado de sair do pedágio, na faixa do Sem Parar, pedágio expresso. Foi essa colisão que gerou o fogo na aeronave. O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência com um helicóptero e 11 viaturas”, disse.
O piloto Ronaldo Quattrucci, 56 anos, perdeu a vida na colisão. O jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, âncora da rádio Bandnews FM e do Jornal da Band, também era um dos ocupantes do helicóptero e morreu no acidente.
Boechat voltava de um evento para 2,7 mil pessoas em Campinas, a convite de um laboratório farmacêutico. Ele pegou a aeronave de volta a São Paulo por volta das 11h50 e pousaria nos estúdios do grupo Band às 12h15, mas isso não aconteceu. A programação da Band News chegou a ser interrompida e uma vinheta ficou no ar por alguns minutos.
Colega na TV Bandeirantes, o apresentador José Luiz Datena se emocionou ao noticiar, ao vivo, a morte de Boechat. Outros colaboradores do Grupo Bandeirantes também prestaram homenagem ao jornalista por meio de uma salva de palmas ao âncora que marcou história no jornalismo da emissora e da imprensa brasileira.
Boechat deixa mulher e seis filhos. Era casado, filho do diplomata Ricardo Eugênio Boechat e, além do trabalho no Grupo Bandeirantes de Comunicação, também assinava uma coluna semanal na revista IstoÉ. O jornalista ainda atuou nos jornais O Globo, O Estado de S. Paulo e O Dia.

A aeronave

O helicóptero envolvido no acidente – uma aeronave Bell Jet Ranger, prefixo PT-HPG, fabricada em 1975 – não era da emissora de televisão. Tinha capacidade para cinco lugares, estava com a declaração anual de inspeção de aviação válida até maio deste ano e com o certificado de aeronavegabilidade válido até maio de 2023. O piloto Ronaldo Quattrucci era sócio-proprietário da empresa.
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