Comportamento

Raquel Derevecki

Venezuelano que pedia emprego em semáforo ganha ajuda de motorista brasileiro

Raquel Derevecki
28/03/2019 14:20
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Sem condições de oferecer trabalho ao estrangeiro, o motorista parou o carro e decidiu ajudar de outra maneira. Foto: Imagem ilustrativa Bigstock

Ao visualizar um homem no semáforo segurando uma placa com o pedido: “Venezuelano, preciso de trabalho”, um motorista de aplicativo de transporte de passageiros de Manaus, no Amazonas, não pensou duas vezes e decidiu transformar a vida do rapaz de 21 anos que pedia ajuda.
Sem condições de oferecer trabalho ao estrangeiro, ele estacionou o veículo, conversou com o jovem e o levou para tomar banho e almoçar em sua casa. Além disso, incentivou o imigrante a preparar um currículo e prometeu distribui-los em algumas empresas da cidade.

“Eu pedi que ele fizesse algumas cópias e entreguei na empresa que eu atuo, onde ele foi contratado e já está trabalhando há três meses”, afirmou o morador de Manaus.

Seu Pedro está de férias e faz “bico” como motorista de aplicativo para ajudar na renda familiar. Ele conversou rapidamente com a reportagem da Gazeta do Povo e disse estar surpreso com a grande repercussão que a história recebeu.
O fato foi relatado no Facebook pelo passageiro Lucas Evangelista na madrugada do último sábado (23) e, em menos de uma semana, já conta com mais de 8 mil comentários e 40 mil compartilhamentos. “Eu esperava apenas dividir com meus amigos algo bom que vivenciei, mas nós nunca sabemos como aquilo vai ressoar no coração de quem lê”, disse o estudante de Engenharia da Computação, de 22 anos.
De acordo com ele, o motorista lhe contou humildemente a história durante uma corrida na última sexta-feira (22), e a atitude chamou sua atenção. “Eu estava me preparando para palestrar a respeito de desigualdades sociais naquela noite e fiz questão de improvisar na apresentação só para encaixar aquele exemplo”, afirma o jovem, que publicou o relato nas redes sociais durante a madrugada.
Na postagem, ele apresentou detalhes de como o condutor auxiliou o venezuelano – chamado de Jona – e a maneira que argumentou na empresa em que trabalha para que o desconhecido conquistasse uma vaga. Ao final, parabenizou o conterrâneo pela nobre atitude.

“Seu Pedro fez a diferença. Seu Pedro me inspira. Seu Pedro é uma daquelas pessoas que te fazem acreditar num mundo melhor”, escreveu o estudante.

Segundo ele, cerca de 60 mil refugiados venezuelanos chegaram à cidade de Manaus nos últimos meses em busca de oportunidade, mas grande parte ainda não recebeu apoio. “Vemos muitos deles nas ruas, nos semáforos ou debaixo dos viadutos, muitos sem ter o que comer ou dormir”, afirmou.
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