Saúde e Bem-Estar

Adriano Justino

Cheirando mal

Adriano Justino
15/04/2016 22:00
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a perda do olfato pode ser um indicativo precoce, pois ele tende a decair entre 10 e 15 anos antes dos primeiros sintomas de Alzheimer surgirem.Foto: Bigstock.

Com o passar do tempo, ver reduzida a capacidade olfativa é algo natural, pela deterioração do neuroepitelio (tecido celular que reveste a mucosa sensorial). Natural ao envelhecermos, a redução do olfato é um sintoma que entre os mais jovens nem sempre é valorizado. Mas eles também podem sofrer com a anosmia, nome dado à perda da capacidade de cheirar bem.
O perigo da falta de olfato está em não sentir o cheiro de um vazamento de gás, de queimado ou de comida estragada. Há exames diagnósticos para avaliar a integridade do sistema olfativo, mas pela subjetividade em relação à sensação não são realizados de rotina.
Quando o olfato funciona bem, o ar passa pela cavidade nasal através das correntes de ar com certa turbulência, para atingir os receptores. Os odores também podem entrar pela região posterior da cavidade nasal, atingindo os receptores de olfato via retronasal. Esse mecanismo tem o seu papel na sensação dos sabores ao comer e beber, pois os odores se difundem pela mucosa oral e são transportados até a mucosa olfatória através da ligação com proteínas.
Sinusites doloridas, com sensação de peso na face e secreção clara ou amarelada podem causar um mecanismo de defesa no organismo no qual o olfato para de funcionar, evitando que tudo ao redor pareça ter um odor desagradável. No caso de sinusite crônica ou de polipose nasossinusal, após tratamento clínico ou cirúrgico o olfato pode ou não voltar ao normal, dependendo do tempo em que os receptores olfatórios ficaram sem estímulo.
Um grande desvio de septo ou um tumor também podem comprimir as células responsáveis pelo olfato. Rinites por reações alérgicas também irritam a mucosa nasal, gerando inchaço e comprimindo células do nervo olfativo. Se a causa é mecânica, como obstrução, a cirurgia é necessária. Se a doença for dentro do nariz, remédios diminuem o inchaço da mucosa.
A partir do momento que se consegue estimular o nervo a captar os cheiros e eliminar o fator que estava bloqueando esta capacidade, o paciente volta a sentir os odores.
Outras causas
Geralmente aspecto secundário de outras doenças, como sinusite crônica, infecções, condições de fundo neurológico, por obstrução ou até por tumores no nariz, a perda do olfato pode decorrer ainda de alguma alteração nutricional (como carência de zinco), depressão, esquizofrenia, traumatismo craneoencefálico e de alterações na mucosa nasal.
Repórter: Adriano Justino. Fontes: otorrinolaringologistas Marco César dos Santos, do Hospital IPO, e Cláudia Ciuffi, do Hospital Marcelino Champagnat.